terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Orgulho e Preconceito

No meu primeiro texto sobre um livro no blog, decidi começar por um grande clássico. Confesso que só fui ler o livro por livre e espontânea pressão de uma amiga minha que é super fã da história. Ironicamente, eu tinha preconceito por achar que a leitura seria um daqueles clichês românticos. Atualmente, não consigo mais gostar de histórias com casais super apaixonados que vencem barreiras e são felizes para sempre. Acho que foi o excesso de Disney na infância. Tenho gostado de ver/ler histórias mais reais e acabei recebendo um tapa na cara da Jane Austen.

Orgulho e Preconceito é realmente uma história atemporal. Ela poderia acontecer hoje, por exemplo. A autora sabe trabalhar muito bem a crítica da sociedade dela, que não mudou muito desde então, infelizmente. Um homem super orgulhoso e esnobe por ser rico e bonito e uma mulher que vai contra tudo o que lhe é imposto, não são tipos muito difíceis de achar. Talvez, por isso, conseguimos estabelecer uma certa conexão com os personagens e encontrar Elizabeths e Darcys por aí. Porém, o trunfo de Jane Austen foi o desenvolvimento dos acontecimentos que foram super bem amarrados e a construção e evolução das personagens.
Porém, para quem não conhece a história, o começo pode ser bem difícil de ler. A autora introduz lentamente todos os personagens, criando terreno para a história aos poucos. Não há muitos acontecimentos “bombásticos” logo de cara e isso deixa a narrativa lenta. Outra coisa que atrapalha um pouco a leitura são as diversas nomenclaturas que Jane Austen decide dar para o mesmo personagem. Elizabeth, por exemplo, além de ser referida pelo nome, também é citada como Lizzy, Eliza, Miss Bennet (eu li em inglês), o que dificulta às vezes a identificação do diálogo, já que a personagem tem quatro irmãs que de vez em quando também são referidas como Miss Bennet. Tirando isso, achei o livro merecedor de tanto sucesso. A autora realmente soube criar algo que atravessa os séculos, justamente por tratar de sentimentos tão inerentes ao ser humano.
Além de uma boa leitura, Orgulho e Preconceito consegue ambientar bem a época em que se passa. É, no mínimo, curioso imaginar como era viver naquele tempo e comparar com o que vivemos hoje. Ainda mais em um país que cultua tantas subcelebridades que são famosas por não fazerem nada - e se acham melhores do que os outros por isso - e cujos preconceitos são tão antigos quanto essa obra literária que abordo aqui. O choque social entre um homem de classe alta metido e uma mulher de classe média, que busca independência ao invés de um futuro confortável, pode ter sido tema de várias novelas atuais, sem dúvida. Por isso, muitas pessoas podem ter uma impressão errada de como o livro é, ou o que ele retrata. Digo por experiência própria que é um ledo engano.
É incrível ler personagens aparentemente distintos terem desenvolvimentos simétricos. A autora teve a sensibilidade de balancear as características de cada um, para que não houvesse definição de bom e mau ou certo e errado. Aliás, ela mostrou algo que muitas pessoas ainda precisam aprender: a verdade é relativa. O que é uma verdade para mim, pode não ser para outra pessoa. O que nos distancia das pessoas e nos faz cegos perante as outras verdades é o julgamento. O orgulho faz com que nossa percepção dos fatos fique acima da percepção dos outros e quando somos intolerantes com uma ideia diferente da nossa, somos preconceituosos.
Orgulho e Preconceito vai muito além daquele romance água com açúcar que estamos acostumados a ver/ler em histórias recentes. Isso mostra como Jane Austen consegue ser uma autora prafrentex essa gíria ainda existe? até hoje, mesmo depois de duzentos anos. A leitura é super recomendada para todo mundo, mas aqueles que não gostarem de histórias focadas na interação humana, vão achar a leitura pesada e lenta, por não se tratar de uma trama com muitos acontecimentos grandiosos. A ausência de ação é preenchida por uma reflexão que faz falta nos dias de hoje. É uma pena que o livro não tenha sido lido ou assimilado pela maioria das pessoas do mundo através dos séculos porque, infelizmente, faltam Janes Austen e sobram orgulho e preconceito atualmente.

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