Mulher-Maravilha (Wonder Woman, no original) chegou aos cinemas com muitas barreiras a serem quebradas: Os fãs fervorosos com várias críticas à Gal Gadot; As críticas negativas aos filmes anteriores do DCEU (Universo Estendido da DC, em tradução livre); O primeiro filme de uma heroína (depois do boom de filmes de herói desse século); e, porque não, a manutenção de um grande ícone da cultura pop para a nova geração. Nessa crítica, vou escrever como o filme conseguiu passar com louvor por todos esses quesitos e acrescentar muito mais.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Eu sempre começo uma crítica falando sobre o roteiro, mas dessa vez vou trocar a ordem porque preciso falar primeiro da direção. Desde quando eu via os trailers de Mulher-Maravilha, batia aquela sensação de ver algo inimaginável: um filme verdadeiramente de ação e aventura. Por mais que personagens femininas sejam cada vez mais frequentes nesse gênero, na maioria das vezes elas são anti-heroínas e são pessoas comuns. Faltava uma heroína que lutasse de forma sobre-humana e pelos motivos certos.
Foi isso que Patty Jenkins fez de forma incrível. Em cada um dos três atos do filme, Diana (aka Mulher-Maravilha) luta de maneira implacável para acabar com a maldade do mundo. Todas as cenas de ação são muito bem coreografadas e a câmera lenta, que algumas vezes pode ficar meio fora de propósito, acerta na grande maioria das vezes por fazer o espectador segurar a respiração e acompanhar os movimentos das personagens milimetricamente. Outro grande acerto da diretora é focar bastante na expressão de Gal Gadot (Diana). Há a preocupação de mostrar não só como a personagem é super badass nas lutas, mas como ela reage a isso, o que ela sente.
O roteiro é outro espetáculo à parte. Há um grande desenvolvimento da personagem principal, mas ao mesmo tempo ele consegue dar a atenção devida aos outros, mostrando que todos são importantes no processo de amadurecimento de Diana. Os diálogos entre ela e Steve Trevor (Chris Pine) são perfeitos para mostrar o choque cultural de dois mundos que não se conheciam. A ingenuidade e pureza da Mulher-Maravilha garantem um ar cômico genuíno em algumas passagens, mas que funcionam no tempo certo e não transformam o filme em uma comédia, respeitando o tom majoritariamente dramático do longa.
Além disso, eu senti uma vibe muito forte da animação Hércules (1997, Disney), não só pela temática de mitologia grega, mas toda jornada da Diana de entender o lugar dela nesse mundo enquanto ainda está aprendendo sobre a própria força. Li muitas reclamações sobre o terceiro ato do filme por causa das cenas de ação e CGI, mas na minha opinião é um pecado olhar só por esse aspecto. Temos toda uma discussão sobre humanidade e uma conclusão arrebatadora do sentimento da personagem principal que vai muito além de uma briga para finalizar um filme de super-herói.
Gal Gadot (Diana) conseguiu não só entender a personagem, como incorporá-la por completo. Ela soube balancear um espírito carismático, amigável e maternal com uma sede insaciável por luta, quando se faz necessário. Os closes da Patty Jenkins só deram certo nas cenas de ação porque era nítido o sentimento que Gal estava transmitindo naquela hora. Chris Pine consegue fazer um Steve Trevor super relacionável e necessário para apresentar a amazona para um mundo liderado por homens ruins. Ele conseguiu transmitir a essência de um personagem que precisava mostrar para a Mulher-Maravilha que existem homens com coração bom e que a humanidade pode ser salva. Mesmo que o filme seja da dupla, o restante do elenco entrega bem cada papel e ninguém destoa do todo.
Apesar de alguns efeitos especiais não se encaixarem muito bem, como por exemplos alguns saltos que a personagem principal dá, no geral eles são muito convincentes. A fotografia é muito bonita e consegue se adaptar gradualmente aos estágios do filme: temos uma Themyscira viva e colorida, seguindo para uma Londres cinza e poluída e uma conclusão noturna, onde a iluminação é feita por explosões e refletores. É como se a vivacidade do visual do longa fosse representada pela idealização que Diana possui dos seres humanos.
Mulher-Maravilha consegue transmitir o que todo filme de herói almeja: inspiração. Por mais que as mulheres sejam as maiores beneficiadas pela questão da representatividade de ter finalmente uma heroína para se espelhar, os homens também ganharam mais um modelo. Isso porque em nenhum momento do filme há uma questão de homens vs mulheres, pelo contrário, é sempre reforçado a união dos gêneros. O grande acerto do longa é abraçar a humanidade e mostrar que qualquer um é capaz de feitos maravilhosos.
OBS: Curta a página do blog no Facebook clicando aqui para saber quando a próxima coluna sair e poder sugerir futuros temas pro blog.
E você, o que achou do filme? E da crítica?
Comente aqui embaixo! Sua opinião importa! :D