sexta-feira, 22 de julho de 2016

Mr. Robot - eps2.1_k3rnel-pan1c.ksd

Depois de um eps2.0_unm4sk-pt1.tc e eps2.0_unm4sk-pt2.tc (episódio duplo) brilhante e promissor, Mr. Robot volta com um eps2.1_k3rnel-pan1c.ksd mais calmo do que o esperado. O episódio não trouxe muitas informações novas, mas, ao mesmo tempo, preparou o terreno para o que vem pela frente. O ritmo da série mudou drasticamente da temporada passada para essa. Na primeira, tudo era bem mais frenético e nós ainda estávamos conhecendo os personagens. Nessa, o universo já está estabelecido e a série pode respirar com mais calma e desenvolver a história de forma mais gradativa.
Atenção: O texto a seguir tem SPOILER do s02e03 de Mr. Robot.
O episódio começa em um flashback estilo Mr. Robot: sem nenhuma menção de que é um flashback. Leslie apresenta o local que veio a se tornar o QG da FSociety para Mobley. Ele conta histórias macabras envolvendo os antigos donos do local e diz que o cara que passou as chaves para ele, afirma que o lugar é amaldiçoado. Na mesma hora, Mobley o convida para a FSociety e menciona Elliot como um gênio que Leslie irá detestar. Eu achei interessante saber mais sobre o passado do local e como tudo, de certa forma, começou. É uma pena que essa cena tenha tido um outro propósito mais para frente no episódio.
OBS1: Leslie é um Phreaker, ou seja, ele é capaz de quebrar os sistemas de telefonia fixa ou móvel. A palavra vem de Phone e Freak. Review também é cultura.
OBS2: A belíssima música que toca no final do flashback é “You don't have to say you love me” interpretada por Dusty Springfield. Vale a pena ler a letra. Mais abaixo irei mostrar que ela não foi escolhida ao acaso.
A última cena do episódio passado foi Elliot falando com alguém no telefone. Eu vi na internet que muita gente não entendeu aquela passagem e nem com quem ele estava falando. Elliot apagou na igreja e quem assumiu foi o alter ego Mr. Robot. Ele, então, ligou para Tyrell Wellick e deixou Elliot falar com quem ele queria. Durante o episódio, Elliot confrontou e até riu da cara do Mr. Robot. Ele disse que não iria voltar para a linha de frente da revolução enquanto não soubesse o que aconteceu com Tyrell. Por isso, Mr. Robot resolveu acatar a solicitação dele e ligar para Tyrell. Esclarecendo mais um pouco: no final da temporada passada, Elliot apaga por uns dias, quando acorda está no carro do Tyrell e o plano que derrubou a Evil Corp tinha sido concluído. Hoje, nós e ele sabemos que esse tempo em que ele passou apagado foi por causa do Mr. Robot. Logo, o Mr. Robot é o único que sabe o que aconteceu de fato.
O telefonema de Elliot para Tyrell nos revelou algo que eu não poderia esperar: nada. Isso mesmo, nada, rs. Tudo porque não é seguro falar pelo telefone sobre os assuntos que eles tem em comum. Eu achava que Tyrell já iria voltar agora, que iríamos descobrir tudo o que aconteceu e que Elliot e ele iriam se juntar ao pessoal da FSociety para acabar de enterrar a Evil Corp, mas realmente seria apressar demais a história. Pelos diálogos entre Elliot, Mr. Robot e Tyrell dá para notar que ainda está rolando alguma coisa que nós não sabemos, mas que mais para frente deve ser importante. Vamos aguardar.
Mr. Robot, a série, tem aquela sutileza de uma pata de elefante que deixa a produção mais rica. Ela consegue nos mostrar um realismo tão chocante que enoja, às vezes. É o que acontece em toda a passagem em que o Elliot se droga para poder combater Mr. Robot, mas ele, seu alter ego e “kernel panic” (um erro interno fatal), está tão enraizado dentro de Elliot que o faz pensar que foi pego pelo FBI e foi forçado a engolir cimento. O resultado é que Elliot provoca o vômito achando que está colocando o cimento para fora, quando na realidade está tirando do organismo a droga que ingeriu. Determinado a eliminar Mr. Robot, Elliot toma as pílulas de novo em uma cena bem forte e que coloca a série em outro patamar de produção.
Mobley vai na casa de Leslie e descobre que o mesmo está morto. Aí está a conexão com a música e o flashback. É como se o episódio começasse com um tributo a Leslie, já que ele já estava morto cronologicamente no início. Dominique DiPierro é chamada para ver o caso. Ela é a agente do FBI do episódio passado que parece ser uma mulher doce e inocente, mas logo se mostra bem diferente. Outro ponto interessante no núcleo dela é Alexa, a inteligência artificial com quem ela fala. No episódio passado, tivemos problemas com casa inteligente e nesse, vemos a inteligência artificial e chat online sendo utilizados para sanar um pouco a solidão. Aos poucos, a série vai jogando algumas situações estilo “Black Mirror” (um dia falarei sobre essa série aqui), em que aborda situações alarmantes que envolvem tecnologia.
Mobley se encontra com Darlene e Treton para discutir sobre as mortes que já ocorreram. Primeiro foi Gideon, que era acusado de estar ligado à FSociety e depois foi Leslie, que era da FSociety. Mobley acha que a organização Dark Army está por trás de tudo, mas Darlene garante que eles só conhecem ela, dentre todos da FSociety. Ela diz que vai falar com Elliot (FINALMENTE!) e pede para eles se acalmarem. Mobley diz para Treton que está desconfiado de que Elliot está limpando o rastro do crime do século e, pensando bem, ele tem razão. Mr. Robot pode estar matando um por um para que nenhum possa entregá-lo.
Lembrando que Elliot apagou pouco antes do Gideon morrer, logo Mr. Robot pode ter mandado alguém matá-lo. Além disso, sabemos que Elliot apagou na igreja e depois acordou com o telefone na mão. Não sabemos quanto tempo passou. Mr. Robot poderia ter matado Leslie nesse meio tempo. Mobley e o “previously” do início do episódio lembram que Mr. Robot já ameaçou Leslie. Porém, por mais que tudo nos leve à isso, eu fico com os dois pés atrás exatamente por tudo nos levar à isso. Geralmente, em entretenimento, quando está muito na cara é porque pode ser qualquer coisa, menos aquilo que está na cara. E você, o que acha?
Angela é chamada por Phillip para tratar assuntos de trabalho e acaba sendo convidada para jantar. O mais importante da cena é que, no final dela, Angela olha um quadro e Phillip diz que ela deve achá-lo impressionante da mesma forma que ele próprio: como um homem pode mudar o mundo todo com uma bala no lugar certo. Isso levanta a questão: será que Phillip é o mandante da morte de Gideon ou de Leslie ou dos dois? Ou será que ele se refere ao fato do acidente ambiental que matou a mãe de Angela e que o pessoal da Evil Corp sabia do risco? Há muitas possibilidades e talvez a gente nunca descubra o que de fato ele quis referenciar com essa fala, mas é interessante ficar pensando sobre isso.
Angela se arruma toda e acaba sendo surpreendida ao saber que vai jantar com mais dois caras, além de Phillip. No final do jantar, depois dos outros dois terem ido embora, ele diz que os dois sabiam sobre os riscos ambientais que acabaram matando a mãe dela. Phillip entrega para Angela uma mídia com informações que podem acabar com os dois, mas ela diz que não confia nele. Ela fica dividida, já que ela conheceu os dois como pessoas normais e provavelmente deve ter gostado deles. Os dois tem família e uma vida. Ela acabaria com tudo isso por vingança. Podemos pensar na história do quadro: A mídia que Phillip entrega pode ser a bala certeira de Angela que mudará, de certa forma, o mundo dela, e Angela pode ser a bala certeira de Phillip.  
Eu não falei sobre Ray no episódio passado porque ele se mostrou apenas um personagem que prometia entregar algo no futuro e o futuro chegou. Por trás da “máscara” (pega essa referência, Capitão América), ele pressiona um cara para reforçar e colocar no ar, de novo, um site dele. Ele também fala com alguém que faleceu (a esposa) e por isso há uma ligação com Elliot. Provavelmente, ele vai querer que Elliot o ajude com o site e ele o ajudará com Mr. Robot. Será que ele será a chave para Elliot conseguir entender Mr. Robot e aceitá-lo de forma que ele consiga viver normalmente? No final, Dominique investiga mais a casa de Leslie e descobre o cartaz sobre a festa que teve na FSociety depois que o plano deu certo. Ela resolve ir até o local da festa e vê o letreiro. E agora, José? Será que ela conseguirá descobrir mais sobre a FSociety ou o pessoal foi cuidadoso o bastante para ter limpado tudo? Será que ela vai descobrir algum indício de que Tyrell esteve lá? Ele não é o tipo de pessoa que vai nessas festas…

Não posso acabar essa review sem comentar mais uma performance impressionante de Rami Malek. Destaque para a cena dele se drogando, Mr. Robot fazendo ele colocar para fora e ele se drogando de novo. Aquilo foi surreal. Além disso, toda a passagem dele drogado e o monólogo sobre religião foi incrível. Algo que eu percebi nesse episódio sobre a série, no geral, que ficou mais evidente aqui, é que todos os personagens são solitários. Não importa quem seja, a série mostra que todo mundo é sozinho à sua maneira. A solidão não está mais representada só em Elliot, mas está presente nem que seja à noite, antes de dormir, em cada um. Isso quebra com toda essa concepção que temos que estamos cada vez mais conectados. Na realidade, nunca fomos e nunca estaremos conectados. Isso é apenas mais uma ilusão.
OBSHello, friend. Eu farei review de todos os episódios da segunda temporada de Mr. Robot, então se você quiser acompanhar a série comigo, curta a página do blog no facebook clicando aqui para ficar sabendo quando a review sair. 
E você, o que achou do episódio? E da review?
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