quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Narcos - 2ª Temporada

Quando Narcos estreou na Netflix com a dobradinha José Padilha e Wagner Moura acho que não só eu, mas muita gente já esperava algo muito bom. Ainda mais levando o selo de série original Netflix e contando a história do, talvez, maior traficante de drogas do mundo. Parecia a fórmula garantida do sucesso. Porém, o ritmo da primeira temporada acabou matando um pouco o hype que se formou em torno da série. A história começa de uma forma bem introdutória e didática para compor toda a atmosfera da trama e isso acaba por deixá-la um pouco cansativa. À medida que você se familiariza com o ritmo, ironicamente, tão vagaroso quanto o da música de abertura, a produção começa a fluir melhor.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Para quem não gostou desse ritmo da temporada anterior e se forçou a ver a série, tenho uma boa notícia: a segunda temporada é bem diferente. Nós chegamos em um ponto da história em que não há mais necessidade de ambientação. Assim, a trama foca nas ações que os dois lados já conhecidos devem tomar: o DEA e o governo colombiano tem que capturar Pablo e ele tem que fugir deles. O mais interessante do roteiro é justamente esse jogo clichê de gato e rato, por ser algo verossímil e comprovado com a já manjada edição que mistura realidade e ficção em um só lugar, como se fosse um documentário com flashes de simulações. Em Narcos, esse jogo está em um outro nível porque os mocinhos não são tão mocinhos e os caras maus também tem um lado bom no coração. Nessas horas, os fatos reais deixam tudo mais interessante.
Só que nem tudo, claro, é real. Já há um texto do filho de Pablo desmentindo várias passagens que ocorrem na segunda temporada. Mesmo que eu não ache que ele tenha memória suficiente para se lembrar de tudo o que aconteceu, ainda mais pela pouca idade, a Netflix nos lembra no início de cada episódio que essa é uma obra adaptada e há vários elementos fictícios para melhorar a produção. O ponto que eu vejo como o melhor da história, e acho que é bem fiel, é a ambiguidade de Pablo Escobar. Ele era um psicopata e assassino, mas ao mesmo tempo, na loucura dele, achava que estava fazendo bem para o povo e era adorado pelos subordinados.
Um dos responsáveis por deixar essa parte da trama mais interessante é, sem dúvida, Wagner Moura. É impecável o trabalho do ator nesse papel. Ele conseguiu criar trejeitos e manias do personagem que se encaixam perfeitamente e de forma orgânica, sem parecer uma caricatura. Do outro lado, gosto muito de Boyd Holbrook e Pedro Pascal, que interpretam, respectivamente, Steve Murphy e Javier Peña, agentes do DEA. Acho que os dois funcionam muito bem e possuem uma sintonia bacana entre si e com o resto do elenco. Eles conseguem dar conta do papel "tira que obedece a lei, mas desobedece quando é preciso". Pra mim, os três atores são a alma da série e a fazem andar.
Falar da produção técnica de uma série da Netflix chega ser chato porque eles já mostraram que não brincam em serviço. A qualidade é de nível cinematográfico. Você percebe todo o cuidado com as roupas e construções de época, sem falar nas cenas de ação com perseguições de tirar o fôlego e da violência cada vez mais realista. Tudo isso embalado com uma trilha sonora e fotografia que nos transportam pelo espaço-tempo e recriam uma atmosfera, por mais que eu não conheça, da Colômbia das décadas de 80 e 90. A segunda temporada de Narcos entra para o time seleto de produções que conseguem criar e contar uma história com diversas temáticas e de forma mais que satisfatória.
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