sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Animais Fantásticos e Onde Habitam

Animais Fantásticos e Onde Habitam chega aos cinemas marcando o retorno do mundo mágico de Harry Potter às telonas. A história se passa em uma Nova York do ano 1926, ou seja, temporal e geograficamente diferente da primeira franquia. Uma outra novidade é que todos os cinco filmes dessa nova franquia não são adaptações de nenhum livro publicado. Todas as histórias são roteiros inéditos escritos pela autora de Harry Potter e criadora desse universo: J.K. Rowling a.k.a. Rainha da Inglaterra e do Mundo. Então, o longa tem dois desafios: conquistar uma nova geração e se manter fiel à primeira história, presenteando os potterheads com a expansão desse mundo.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
De cara, posso dizer que o filme venceu os dois desafios com folga. Já quero começar com a parte que julgo ser a principal em qualquer produção e que foi MUITO especial nesse: o roteiro. Quando foi anunciado que J.K. Rowling escreveria o roteiro, fiquei imensamente feliz porque ninguém conhece mais esse mundo que ela. Além disso, ela escreveu sete ótimas histórias que se conectaram de uma maneira singular, logo estava bem ansioso em ver como ela se sairia aqui. O resultado foi um roteiro que me arrebatou do segundo ato em diante. A forma com que ela foi aprofundando a história foi incrível. Foi muito interessante a construção dos personagens e como eles vão descobrindo sobre toda a mitologia, especialmente Newt (Eddie Redmayne) e Jacob (Dan Fogler).
A escolha dos dois foi muito inteligente porque eles, de certa forma, representam o público que vai assistir ao filme: o potterhead que viveu anos e anos em Hogwarts e na cultura bruxa de Londres e quem está vendo esse filme agora sem conhecer nada sobre qualquer mundo bruxo. Isso foi muito importante para inserir o público no filme e fazer a história mais palpável, apesar de se passar no passado. Também gostei muito das várias camadas do roteiro, de como tudo começou tão mágico, brilhante e fantástico, e aos poucos foi ficando cada vez mais sério, mais cinza e com um clima mais intenso. Além disso, há duas mensagens belíssimas que são passadas nas entrelinhas e que fazem toda a diferença, ainda mais no mundo em que vivemos hoje. O filme, como já imaginava, é muito mais que uma busca por animais fantásticos que escaparam de uma maleta.
Apesar de gostar muito do Eddie Redmayne, não sei até que ponto a atuação dele teve mérito aqui. Além do personagem lembrar outros que ele já fez, parece ter um pouco dele próprio. Mesmo assim, gostei muito do Newt que foi apresentado. É um nerd que não é lerdo, mas sim prático e não pensa, faz. Também gostei muito da entrega do ator para o papel. Assim como o restante do elenco, me pareceu que estava ali de corpo e alma. Katherine Waterston estava muito bem como Tina e despertou minha atenção para o personagem dela, que tem um arco próprio no filme. Dan Fogler rouba várias cenas com um alívio cômico inocente, mas não bobo. É outro personagem que tem um propósito além de dar suporte ao principal. Para finalizar o quarteto, Alison Sudol interpreta de forma encantadora a apaixonante Queenie, que apesar de não ter tanto tempo de tela, constrói uma química muito especial com os outros três.
Colin Ferrell também está inspirado no filme ao fazer um contido Percival Graves. Samantha Morton apresenta uma atuação ótima como Mary Lou, mesmo no pouco tempo de tela em que aparece. Junto com ela, Ezra Miller (Credence) e Carmen Ejogo (Seraphina) parecem injustiçados pela falta de destaque aos respectivos personagens. Todos os três tinham potencial para brilhar ainda mais se houvesse mais material para eles. Provavelmente, optaram por focar mais no quarteto principal e a relação deles, que provavelmente vai permear toda a franquia, do que dar mais atenção à personagens que, talvez, não terão mais tanto destaque nos próximos filmes. Johnny Depp (Grindelwald) fez uma participação muito curta no filme e, por isso, não dá para julgar a atuação dele. Porém, a caracterização do personagem foi, para mim, o pior erro do filme. Forçaram a barra para ele ter uma aparência assustadora igual Voldemort tinha, sem nenhuma necessidade.
De resto, a produção foi impecável. A direção de arte estava de tirar o fôlego, com figurinos e cenários lindíssimos. Os animais fantásticos, que dão nome ao filme, além de bem trabalhados esteticamente tiveram boas ações no decorrer do longa. A trilha sonora também estava inspiradíssima e aumentou ainda mais a imersão nesse mundo fantasioso. David Yates fez uma direção satisfatória para tudo o que foi sendo exposto. Só em algumas cenas que os personagens se movimentam rápido demais, é que ele se perdeu. Também esperava um maior cuidado na cenas de duelos com varinhas. Ele foi bem superior nesse quesito em Harry Potter e a Ordem da Fênix e as duas partes de Harry Potter e as Relíquias da Morte, onde construiu cenas até mais complexas e melhores elaboradas na coreografia, dando o destaque merecido para os duelos apresentados.
Como a história se passa antes, cronologicamente, de Harry Potter nascer, ela não é dependente da franquia anterior, o que torna o filme livre para todos os públicos. Ao mesmo tempo, há muitas referências à primeira franquia, que demonstra respeito aos fãs que fazem parte do sucesso dessa saga. Conhecendo o mundo bruxo ou não, muito provavelmente você irá se encantar e se emocionar com um roteiro que consegue se dividir muito bem entre um humor leve e um drama pesado, que também nos leva a refletir sobre temas delicados. Animais Fantásticos e Onde Habitam acerta como filme de todas as formas possíveis, entretendo, com conteúdo, diversas gerações.
OBS: Curta a página do blog no Facebook clicando aqui para saber quando a próxima coluna sair e poder sugerir futuros temas pro blog.
E você, o que achou do filme? E da crítica?
Comente aqui embaixo! Sua opinião importa! :D