sábado, 5 de novembro de 2016

Dr. Estranho

Dr. Estranho chegou aos cinemas encerrando o gênero de super-heróis nas telonas, em 2016. Além disso, ele veio para introduzir toda uma nova mitologia dentro do MCU (Marvel Cinematic Universe, Universo Cinematográfico da Marvel, em tradução livre). Por causa dos trailers, muito se especulou de que esse filme poderia ser um divisor de águas desse universo cinematográfico, por causa do tom mais sóbrio e maduro. Porém, não foi exatamente o que aconteceu na versão final.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Sim, já quero começar a minha crítica pelo ponto em que eu tinha maior expectativa nesse filme: o tom e a história. Quando eu falo de tom, quero dizer não só sobre a forma como a história é conduzida (se de uma maneira mais dramática ou não), mas também da fotografia e da direção. Eu achei excepcional e incrível como o filme foi denso, em comparação com os outros do mesmo universo. O roteiro, apesar de ser bem introdutório (o que é compreensível) e rápido, trouxe muitas reflexões através da mitologia surreal do personagem. A fotografia, apesar de ser muito colorida em alguns momentos, se apresentou ser mais fria e realista na maior parte, de modo que não parecia que eu estava vendo um filme do mesmo universo que Vingadores, por exemplo. Tudo estava maravilhoso até que… vieram as piadinhas e bobeiras.
Vamos lá, eu não sou contra piadas, humor, filmes de comédia e nem nada. Guerra Civil, por exemplo, é um filme com um tom leve e propício à piadas e besteiras. Lá, há timing e tudo se encaixa bem. Em Dr. Estranho, não. Foram diversas vezes que o clima estava tenso, dramático e do nada saía uma piadinha que nem era inteligente, mas algo bobo. Isso quebrou o peso do longa. Teve uma hora que até me deu dó do Benedict Cumberbatch, por um ator do porte dele ser sujeitado a parar uma cena tensa de ação para fazer um alívio cômico infantil. Mais uma vez, nada contra humor, desde que saibam fazer. Poderiam fazer um humor mais voltado para o sarcasmo britânico, que o Benedict é mestre em fazer em Sherlock. Qualquer humor mais irônico ou menos bobo, seria melhor do que o apresentado.
Só que isso, ainda bem, não conseguiu tirar o brilho do filme que tem um show de efeitos visuais. Prevejo uma indicação para o Oscar nessa categoria, aliás. A produção conseguiu fazer uma atmosfera ao mesmo tempo realista, que transporta o telespectador para dentro da tela e o faz crer que aquilo é possível, e fantástica, que é responsável por tirar os espectadores dos problemas mundanos e inseri-los em uma outra realidade. É algo colossal e mind-blowing, além de ser um dos únicos filmes da atualidade que dá sentido para o uso da tecnologia 3D.
Benedict Cumberbatch (Stephen Strange) e Tilda Swinton (Anciã) são os maiores - e talvez os únicos - destaques. É incrível como ele já começa o filme bem estabelecido no personagem e vai evoluindo de diversas formas. Parece que foi escolhido à dedo. Enquanto isso, Tilda demonstra que foi a escolha certa para o papel, apesar do white washing. Ela consegue transbordar calma, lucidez e inteligência a cada momento. Chiwetel Ejiofor (Mordo) e Mads Mikkelsen (Kaecilius) tem bastante tempo de tela, mas são mal utilizados. Rachel MacAdams (Christine), infelizmente, não tem espaço e praticamente está no filme apenas para ser a ligação de Stephen Strange com a vida dele antes de se descobrir como Dr. Estranho.
Como muitos estão dizendo, o filme continua a fórmula Marvel, mas isso é um pouco suavizado pela mitologia fantástica, o tom mais sério e a atuação mais expressiva de Benedict Cumberbatch. O mérito do longa está muito mais pelo espetáculo visual que prende o espectador do começo ao fim e faz o filme passar rápido, como se o tempo fosse manipulado pelo personagem principal. Eu queria muito dar 5 Lápis Amarelos para o filme, mas o excesso de piadas sem timing me tirou um pouco do tesão pelo todo. Dr. Estranho chegou muito de perto de ser o melhor filme da Marvel, mas desperdiçou essa oportunidade por não querer se levar a sério demais e se entregar à infantilidades do universo que pertence.
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