sexta-feira, 11 de março de 2016

Convergente

Depois de um Divergente bom e um Insurgente não tão bom, Convergente chega aos cinemas tentando pegar todos os fãs órfãos de Jogos Vorazes, maior saga distópica dos cinemas dos últimos tempos. Além disso, ele enfrenta o desafio da agora temida “Parte 1”, que o público em geral já está calejado. Muitos não gostam quando o último livro é dividido em duas partes por achar que não há história suficiente para dois filmes. Como eu não li o livro, não poderei opinar sobre isso aqui, mas analisarei o roteiro desconsiderando que é uma adaptação.
PS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Pelo o que pude ver por cima na internet, o filme não é fiel ao livro. Porém, eu achei a história muito boa e amarrada. De todos os filmes que eu já vi que são adaptações de livro e divididos em duas partes, nenhum, nem mesmo Harry Potter, conseguiu com tanta maestria construir um filme de “Parte 1” com começo, meio e fim sólidos. Por isso, ficou apropriado não colocar no título que esse filme é a primeira parte. Ele funciona de forma totalmente independente, criando espaço para o próximo como se fosse um novo livro.
Para quem não se lembra, Insurgente acabou com Chicago ouvindo a mensagem de um dos fundadores convidando a todos a atravessarem o muro e é desse ponto que Convergente começa. Conhecer, realmente, o que há além do muro é algo instigante e a sensação dura o filme todo. Para quem está ligado em histórias distópicas,pode parecer um punhado de tudo o que já vimos. Porém, há de se levar em conta os dois primeiros filmes (e histórias) para ver a grandiosidade de tudo aquilo que é revelado. Não é pouca coisa. Além disso, poucas histórias distópicas, que eu li ou vi, tiveram a coragem de trazer tanta tecnologia nova sem pensar no limite entre o aceitável e o exagero. Uma licença poética que não é muito utilizada quando se fala sobre futuro.
Porém, se a tecnologia futurista é um dos pontos altos da trama, a falta dela na produção do filme é o que a puxa para baixo. Primeiro, achei o visual do filme muito trash. Poderiam ter feito algo esteticamente bonito e que funcionaria da forma que funcionou no filme, de forma grosseira. Os efeitos especiais parecem de série de televisão que não tem quase investimento. Já vi séries com efeitos melhores, mais bonitos e mais bem acabados. Fico pensando em como estava antes do último retoque. Vai ver que uparam o arquivo errado e foi a versão inacabada. Só isso para explicar. Por mais que a história te segure durante as duas horas de exibição, a falta de conexão das personagens, com o mundo em volta delas, atrapalha a imersão. Faltou empenho ou dinheiro (o que eu acho difícil) para fazer algo decente.
Os atores não saíram muito do lugar desde os filmes anteriores. Não que isso seja exatamente um problema, até porque eles parecem estar a vontade nos papéis. Porém, era de se esperar uma evolução, o que não houve. As adições ao elenco também não trouxeram muito de novo. Nada que consiga preencher a falta de Kate Winslet no papel de Jeanine, nem mesmo Naomi Watts como Evelyn. A direção de Robert Schwentke é padrão para o gênero. Nada que não tenhamos visto antes. A fotografia, por mais que diferencie o lado de dentro e fora do muro, é atrapalhada pela direção de arte que pecou em um visual feio para a maioria das lugares fora do muro.
Alguns vão no cinema ver ação, outros gostam mais da direção e tem aqueles que vão por causa da atuação. Eu vou por causa da história. Para mim, a produção pode ser nível fundo de quintal gravada com uma TekPix, mas se conseguirem contar uma história boa, eu gostarei do filme. Isso justifica a minha nota. O ponto alto do filme é exatamente o que mais me interessa em questão de entretenimento. Convergente pode ser tecnicamente regular, mas a história que ele conta é sólida e muito bem amarrada com os outros dois filmes. É algo totalmente inesperado se olharmos a premissa de Divergente. Por ser uma trama tão inteligente e com boas analogias, eu indico com toda certeza para pessoas como eu. Porém, aqueles que não conseguirem abstrair a parte técnica e esperarem um blockbuster bem produzido, poderão se decepcionar. 
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