Depois de um eps2.9_pyth0n-pt1.p7z que deu início à Season Finale com o episódio mais louco da série, para mim, Mr. Robot volta com um eps2.9_pyth0n-pt2.p7z que foi, além de sensacional, uma surra moral bem dada. Eu ainda estou tentando descrever direito essa parte final da Season Finale, mas me encontro meio desnorteado. Antes que eu me esqueça, só quero agradecer ao Sam Esmail por essa série brilhante.
Atenção: O texto a seguir tem SPOILER do s02e12 de Mr. Robot.
O episódio começa com um Flashback muito interessante: o outro ângulo da cena em que Mr. Robot conversa com Tyrell na primeira temporada. Eu acho incrível o cuidado que tiveram com essa cena, inclusive do Elliot fazer exatamente tudo o que o Mr. Robot fez. Confesso que não consegui extrair muita coisa dela, só uma parte importante que tem ligação com um fato que ficamos sabendo no final do episódio e, por isso, vou deixar para falar mais para frente. Antes que eu esqueça, Tyrell me representou na hora que ele disse “Eu não estou entendendo. Me ajude a entender”. Todo episódio eu tenho esse sentimento.
Voltamos para o presente com Elliot e Tyrell andando pela rua enquanto rola uma música (The Hall Of Mirrors de Kraftwerk) cuja letra é bem sugestiva e nos leva a crer que Tyrell é uma personalidade do Elliot ou vice-versa, teoria que já cansei de discutir aqui nas reviews. Eu, que já estou descolado nessa arte de tentar ver algum indício que aprove ou reprove essa teoria, fiquei prestando atenção no cara de roupa branca do Dark Army e reparei que ele só olhou para o Elliot. Só para lembrar: na minha teoria da review passada, eu concluí que Tyrell estava vivo, mas que esse Tyrell que o Elliot estava vendo era uma ilusão que o Mr. Robot criou. Por isso, ver que o homem de branco estava olhando apenas para Elliot me fez acreditar que a minha teoria estava certa.
Felizmente, Darlene está viva, mas Cisco não teve tanta sorte. Foi hilário ver ela pedindo a quinta emenda, sem se importar com o que Domi estava falando. Assim como também foi hilária a risada da Domi depois que Darlene diz que não há provas só convicção que a liguem à Dark Army ou à FSociety. Colocar as duas juntas foi a cereja do bolo dessa Season Finale. Foi incrível o jogo de gato e rato entre elas. Uma querendo ser mais esperta que a outra, cada uma mostrando as cartas na manga no devido tempo. Mais interessante ainda foi a comparação entre Domi e Darlene. Duas pessoas solitárias cujas vidas se agarram exclusivamente à um objetivo “profissional” e só. Foi bem bacana a direção colocar takes das duas andando, quase como se fossem a mesma pessoa, mas isso me deixou com muito medo de um possível plot twist “Domi é outra personalidade de Darlene”. Chega disso, né?
Quando Joanna aparece no lugar em que o celular do suposto Tyrell estava, eu fiquei apreensivo achando que veríamos ele de verdade (já que na minha teoria aquele com Elliot não era real) e acabei ficando muito surpreso de ver Scott, CTO da Evil Corp. Acho que todo mundo, né? Ninguém ia esperar que ele estava mandando todos aqueles presentes para Joanna achar que Tyrell ainda está vivo e criar falsas (que por acaso são verdadeiras) esperanças. Eu ainda fiquei mais chocado em saber que a mulher do Scott, que foi assassinada por Tyrell, estava grávida.
O mais interessante, pra mim, nessa sequência é pensar que Joanna sempre soube que era ele o tempo todo, ou, pelo menos, percebeu que não era Tyrell. Acho, inclusive, que ela pode até ter se divertido ao ver o empenho da pessoa em machucá-la. Por isso, ela ficou tão nervosa por Scott começar a chorar na frente dela. Ela queria uma reação agressiva e conseguiu logo após pisá-lo. Só consigo pensar que enquanto ele batia nela, ela sentiu um certo prazer. Além disso, a cena me remeteu muito à cena da morte da mulher de Scott. Cheguei até a pensar que Joanna morreria da mesma forma ali, mas Scott não teve coragem de continuar e ligou para a emergência. A coragem de fazer e exibir uma cena como essa é espetacular.
Finalmente descobrimos que a Fase 2 é a queima de arquivo mais literal que já existiu. Whiterose emprestou o dinheiro para Evil Corp refazer todo o banco de dados e não para ela criar a Ecoin. Com isso, ela previu que eles iriam concentrar toda a papelada em um lugar só para refazer todo o sistema de novo. Do ponto de vista de segurança, não entendo porque a Evil Corp fez isso, já que seria muito fácil acabar com aquilo tudo de uma vez, como o plano de Whiterose quer fazer. Porém, talvez de um ponto de vista econômico, deixar apenas um lugar funcionando ao invés de 71 seja o mais indicado.
A única coisa que não entendi nesse plano é o seguinte: Tyrell disse que só chegaram 17 partes de dados de 71, no total, e que o restante deve chegar até o próximo mês. Mesmo assim ele já quer executar o plano. OK que destruir 17 de 71 é bastante coisa, mas porque não esperar chegar tudo para destruir tudo de uma vez? Ou será que eles podem ir criando backups virtuais enquanto vão subindo os dados e por isso ele não quer que demore muito? Não achei que isso ficou claro. Só achei que depois de destruir esse prédio, a Evil Corp iria investir em outra estratégia e eles teriam que criar outro plano para acabar com o restante dos dados que a empresa tem.
Então, vamos para a cena icônica, talvez a cena mais icônica da série até agora. Tudo estava se encaminhando para o que eu havia pensado: aquele Tyrell não era real, era só mais uma ilusão do Mr. Robot. Quando Elliot percebeu o mesmo que eu percebi, comecei até a comemorar por ter acertado alguma coisa nessa série. Ledo engano. Esse era realmente o Tyrell e não uma ilusão criada por Mr. Robot. Eu confesso que só fui acreditar realmente nisso quando o episódio acabou porque o meu trauma pelos plot twists de Mr. Robot é grande. Aí que entra a beleza da série em fomentar teorias bizarras de que Tyrell e Elliot são a mesma pessoa: é o mesmo que o Mr. Robot faz com Elliot. Ele distrai e não o deixa ver o óbvio que está ali na frente dele.
Quando o Tyrell pega a arma para atirar no Elliot, eu quase dei a vitória da minha teoria como certa. Ele fez a mesma coisa que o Mr. Robot fez no começo da temporada e o Elliot deve ter pensado o mesmo. Por isso a segurança de achar que aquela arma não era real ou que ele não iria se ferir. Quando houve o tiro e Elliot percebeu o ferimento, ainda assim achei que poderia ser coisa da cabeça dele porque no começo da temporada ele também via o tiro na cabeça dele como se fosse algo real. A ficha só começou a cair quando Elliot ficou caído no chão e o Mr. Robot começou a piscar enquanto Tyrell não. Ali eu pensei “NOSSA, CAÍ DIREITINHO”. Eu comecei a suar frio quando Elliot apagou e tudo ficou escuro. Eu sei que ele é o principal, mas acho que o Sam Esmail tem coragem o suficiente de continuar a série sem ele, mesmo que a alma da série seja ele. Eu não estou duvidando de mais nada nessa altura do campeonato. E ah, antes que me esqueça, toda fala do Elliot nos remete ao "slogan" da temporada: controle é uma ilusão. Ele achou que finalmente estava no controle da mente dele e que sabia que Tyrell era uma invenção do Mr. Robot. Em outras palavras: "Não era amooooor, não era. Não era amor, era... cilada!".
E aí aparece um cara em um programa de TV falando sobre falar a verdade e eu já comecei a pensar em mil teorias por segundo, de que iríamos voltar para algum ponto da série e que algo não tivesse ocorrido, sei lá. Achei que teríamos um “Elliot está na Prisão todo esse tempo e não sabíamos 2.0”. Só que na real era Angela que estava recebendo uma ligação do Tyrell. Antes de falar sobre essa loucura toda, quero analisar alguns fatos. Primeiro, o peixe de Elliot, Qwerty, está com Angela. Será que há algum easter egg ligado à programação nessa informação? Segundo, ouvimos a respiração do Tyrell antes dele falar. Essa respiração foi a mesma que o Elliot ouviu quando atendeu a ligação no celular da Joanna. Só que essa mesma ligação à levou para o apartamento do Scott, ou será que não? Não consigo achar algo que faça sentido nisso tudo novidade.
Agora sobre a ligação: com o perdão da palavra, P*T& QUE P%R#@! Primeiro, pensando com mais calma, temos que (tentar) pensar racionalmente. Pode ser que Angela esteja envolvida na Fase 1 e na Fase 2 e tudo mais da Dark Army, mas também há a possibilidade de Whiterose ter contado tudo, ou só o que ela precisava saber, depois daquela cena macabra do episódio passado. Isso não temos como saber por agora. O problema é ela conhecer Tyrell de uma forma que pareceu tão íntima, ou, no mínimo, que pareceu que eles eram colegas. Eles falaram de igual para igual. Ela o consolou. Ainda tem a cena do Flashback que Tyrell diz que pessoas próximas ao Elliot não gostariam de saber dos podres dele. Isso pode indicar que ele já conhecia Angela naquela época. Muito estranho. Da mesma forma que é estranho Tyrell falar que ama Elliot. Como assim “ama”? Ele quis dizer isso de uma forma amorosa mesmo ou de uma forma amigável?
Esse é o grande feito da série: ela foca tanto dentro da cabeça do Elliot, que só o que vemos são, em sua maioria, alucinações dele. Tem muita coisa que deve ter ocorrido naquele meio tempo de três dias entre o hack e quando Elliot acorda no carro do Tyrell. Muita coisa deve ter ocorrido enquanto Elliot esteve na prisão. Quanto mais vamos vivendo com Elliot, mais vamos desenterrando o passado. Essa segunda temporada foi completamente imprevisível. Achei que nesse episódio teria a Fase 2, mas nem teve tempo. Ficou para a próxima temporada. Agora é tentar entender a relação que Angela tem nessa história toda, que deve estar interligado ao fato da mãe dela ter morrido no “acidente”, que também matou o pai do Elliot e tudo isso se relaciona com Whiterose e Dark Army. Eu definitivamente preciso de um quadro de investigação igual ao da Domi.
Sobre a cena pós-crédito: mais uma vez, direção super inteligente. Gostei demais da concepção. O que não gostei foi de Trenton achar que podia reverter o que eles fizeram. Mesmo que eles fizessem isso, estariam encrencados com a polícia e/ou Dark Army. Infelizmente, Leon parece que irá resolver esse problema e efetuar a primeira, suposta, queima de arquivo da Dark Army (tirando o Cisco que era da própria organização). Sim, fiquei chocado que Romero morreu por um acidente e acho que Domi não confirmou se Gideon morreu por uma fatalidade ou pela Dark Army. Porém, ainda tenho uma pontinha de esperança de que Leon ainda vá tentar fazer Mobley e Trenton integrarem a Dark Army.
Alguns comentários breves, mas não tão importantes:
- Fiquei MUITO FELIZ do Rami Malek ter sido premiado com o Emmy pela atuação dele na primeira temporada de Mr. Robot. Foi super merecido, assim como ele merece a indicação e, quem sabe, o prêmio no ano que vem também. Senti falta do Christian Slater e/ou Martin Wallström sendo indicado, pelo menos, à Melhor Ator Coadjuvante de Série Dramática.
- Achei o plano da Joanna, de incriminar Scott pela morte da mulher dele, meio novela mexicana, mas até que é bem cruel. Só acho que o namorado dela vai se encrencar todo se resolverem investigar o caso direito.
- O quadro que a Domi fez sobre o caso do hack foi sem comentários. Preciso de uma foto detalhada sobre tudo o que tem ali. Foi aquele momento em que a Darlene viu que estava bem ferrada. Achei que Domi iria falar “TEJE PRESA”.
- Ainda quero entender o porquê de não terem transmitido essa parte na semana passada também. Faz menção à destruir o prédio, mas não há o ataque em si, então não teria porque não exibir semana passada por causa do 11/09.
- Foi muito bom acompanhar a temporada fazendo review. Só tenho que agradecer todo mundo que me apoiou lendo, curtindo e comentando cada uma delas. Até a terceira temporada!
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