
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Sim, já quero começar a minha crítica pelo ponto em que eu tinha maior expectativa nesse filme: o tom e a história. Quando eu falo de tom, quero dizer não só sobre a forma como a história é conduzida (se de uma maneira mais dramática ou não), mas também da fotografia e da direção. Eu achei excepcional e incrível como o filme foi denso, em comparação com os outros do mesmo universo. O roteiro, apesar de ser bem introdutório (o que é compreensível) e rápido, trouxe muitas reflexões através da mitologia surreal do personagem. A fotografia, apesar de ser muito colorida em alguns momentos, se apresentou ser mais fria e realista na maior parte, de modo que não parecia que eu estava vendo um filme do mesmo universo que Vingadores, por exemplo. Tudo estava maravilhoso até que… vieram as piadinhas e bobeiras.
Vamos lá, eu não sou contra piadas, humor, filmes de comédia e nem nada. Guerra Civil, por exemplo, é um filme com um tom leve e propício à piadas e besteiras. Lá, há timing e tudo se encaixa bem. Em Dr. Estranho, não. Foram diversas vezes que o clima estava tenso, dramático e do nada saía uma piadinha que nem era inteligente, mas algo bobo. Isso quebrou o peso do longa. Teve uma hora que até me deu dó do Benedict Cumberbatch, por um ator do porte dele ser sujeitado a parar uma cena tensa de ação para fazer um alívio cômico infantil. Mais uma vez, nada contra humor, desde que saibam fazer. Poderiam fazer um humor mais voltado para o sarcasmo britânico, que o Benedict é mestre em fazer em Sherlock. Qualquer humor mais irônico ou menos bobo, seria melhor do que o apresentado.
Só que isso, ainda bem, não conseguiu tirar o brilho do filme que tem um show de efeitos visuais. Prevejo uma indicação para o Oscar nessa categoria, aliás. A produção conseguiu fazer uma atmosfera ao mesmo tempo realista, que transporta o telespectador para dentro da tela e o faz crer que aquilo é possível, e fantástica, que é responsável por tirar os espectadores dos problemas mundanos e inseri-los em uma outra realidade. É algo colossal e mind-blowing, além de ser um dos únicos filmes da atualidade que dá sentido para o uso da tecnologia 3D.
Benedict Cumberbatch (Stephen Strange) e Tilda Swinton (Anciã) são os maiores - e talvez os únicos - destaques. É incrível como ele já começa o filme bem estabelecido no personagem e vai evoluindo de diversas formas. Parece que foi escolhido à dedo. Enquanto isso, Tilda demonstra que foi a escolha certa para o papel, apesar do white washing. Ela consegue transbordar calma, lucidez e inteligência a cada momento. Chiwetel Ejiofor (Mordo) e Mads Mikkelsen (Kaecilius) tem bastante tempo de tela, mas são mal utilizados. Rachel MacAdams (Christine), infelizmente, não tem espaço e praticamente está no filme apenas para ser a ligação de Stephen Strange com a vida dele antes de se descobrir como Dr. Estranho.
Como muitos estão dizendo, o filme continua a fórmula Marvel, mas isso é um pouco suavizado pela mitologia fantástica, o tom mais sério e a atuação mais expressiva de Benedict Cumberbatch. O mérito do longa está muito mais pelo espetáculo visual que prende o espectador do começo ao fim e faz o filme passar rápido, como se o tempo fosse manipulado pelo personagem principal. Eu queria muito dar 5 Lápis Amarelos para o filme, mas o excesso de piadas sem timing me tirou um pouco do tesão pelo todo. Dr. Estranho chegou muito de perto de ser o melhor filme da Marvel, mas desperdiçou essa oportunidade por não querer se levar a sério demais e se entregar à infantilidades do universo que pertence.
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