Chocante. Se existe uma palavra pra descrever esse filme, ela só pode ser “Chocante”. Foi, de longe, um dos filmes mais intensos que eu já vi. Não só durante, mas bem depois da sessão acabar, eu fiquei completamente tenso e, por mais que eu queira desver algumas coisas que presenciei, acho que nunca conseguirei. Na primeira cena, que é uma espécie de créditos iniciais, você já percebe que Animais Noturnos irá te provocar de todas as formas possíveis, mas a cada momento ele vai mais à fundo. Ainda estou embasbacado.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Baseado no livro “Tony e Susan”, de Austin Wright, o roteiro adaptado é do, também diretor do longa, Tom Ford, que vem a ser também um estilista famoso dos EUA. Isso é bastante relevante para a produção porque fica claro a marca dele no filme. Tudo se conversa de forma bem precisa, de modo que fica difícil tratar roteiro, direção e fotografia de forma distinta. O filme conta três histórias quase que concomitantemente: a vida de Susan (Amy Adams), uma negociante de arte bem sucedida, a história do livro que o primeiro marido dela escreveu e o passado dela. É incrível como tudo se complementa, como um fato em uma das três histórias impacta nas outras.
Para além disso, há simbolismos por todos os lados. É interessante observar que por mais que haja um romance escrito por outra pessoa, quem lê é a Susan, então nós acabamos vendo o que ela imagina através da leitura. Isso é algo espetacular até por representar o mundo dos leitores, além de amarrar bem todas as tramas na personagem central. A edição ou o corte do filme, que foram bem criticados em 2016 na maioria dos filmes, aqui tem um papel crucial: passar de uma história para outra de uma forma sutil, mas clara, ao mesmo tempo. A direção de arte, como um todo, ajudou nisso também, já que Susan no presente é uma mulher super refinada e estilizada, a do passado é mais simples e normal, enquanto a história que ela lê, está num mundo mais bruto.
Eu entrei na sessão sem saber nada sobre o filme, sem saber sinopse, ver trailer. Só sabia que estava sendo muito bem comentado e que Amy Adams estava nele. De fato, a atuação dela já pagaria meu ingresso. Ainda mais pelo difícil papel que tem nas mãos. A maioria do filme ela passa lendo e reagindo silenciosamente ao livro. O descontrole dela é palpável e identificável com o que você vai sentindo ao acompanhar a história junto com ela. Também preciso falar sobre Jake Gyllenhaal que faz um papel fora do esteriótipo do texano que estamos acostumados. Faz um mocinho que não é enjoado ou previsível, mas super humano. Aaron Taylor-Johnson faz um vilão desprezível que gera um ódio tão primitivo quanto o personagem. Ele está irreconhecível em todos os aspectos. Não por menos, acabou de ganhar o Globo de Ouro pela atuação no longa.
Animais Noturnos é aquele tipo de filme que não dá para ser contado, não dá para ser comentado, é pra ser visto e sentido. Ao mesmo tempo, é preciso ter estômago, tem que ir preparado e ficar atento aos mínimos detalhes que compõem a obra. É um daqueles filmes que conseguem ser incrivelmente bonitos visualmente e tristes, viscerais e intensos na essência.
OBS: Curta a página do blog no Facebook clicando aqui para saber quando a próxima coluna sair e poder sugerir futuros temas pro blog.
E você, o que achou do filme? E da crítica?
Comente aqui embaixo! Sua opinião importa! :D