segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

La La Land

Eu tenho uma certa dificuldade em lidar com qualquer coisa que é amada demais pela mídia ou pelas pessoas. Minhas expectativas vão lá no alto e, às vezes, não são correspondidas. Logo, apesar de querer ver La La Land por causa da Emma Stone, antes de todo o hype, fui ver o filme tentando não pensar no recorde de prêmios do Globo de Ouro ou de indicações no Oscar. Apesar de ótima, essa produção entra para minha lista de “porque não se deve gerar expectativas por causa do hype dos outros” e é sobre isso que quero tratar na minha crítica.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Antes de tudo, é importante frisar que La La Land é um musical de raiz, ou seja, tem aqueles momentos em que as pessoas param tudo o que estão fazendo e começam a dançar e cantar sem motivo algum - a primeira cena deixa isso claro. Digo isso porque não vi nenhum trailer antes e achava que o filme seria um musical estilo “Les Misérables” só que com menos músicas, ou seja, teria só algumas canções. Ao contrário de muita gente, não tenho problema algum com musicais, mas uma das coisas que me incomodaram no filme foram as danças, e já explico o porquê. Independente do gênero, uma produção deve criar condições para que se creia que aquele mundo apresentado é real, para criar um vínculo com o público. É claro que em situações atípicas como alguém cantando e dançando sem motivo algum, fica mais difícil, porém, eu já vi outros musicais em que todas as partes foram mais orgânicas.
La La Land acaba sendo teatral demais, de forma que os movimentos dos personagens parecem falsos e acabam quebrando um pouco a bolha desse mundo, onde a história se passa. Há também um problema de timing, ao meu ver, porque há diversas cenas em que só há personagens dançando e dançando e uma trilha sonora no fundo. É bonito e poético? Sim, mas, ao mesmo tempo, tira o foco da história que está sendo contada. Talvez a grande questão aqui é que tentaram trazer a vibe dos musicais clássicos antigos para os dias de hoje, mas esqueceram que nós vivemos em uma outra época. Deu para perceber que o filme tem vários easter eggs, mesmo não reconhecendo nenhum, o que explica um pouco o porquê de estar sendo tão aclamado. É como se fosse uma ode ao cinema clássico, o que chega a ser interessante se não parecesse tão apelativo, como se quisesse reinventar a roda usando um conceito já inventado, mas esquecido.
O que mais me chamou atenção no filme foi a direção incrível de Damien Chazelle, que soube bem deixar a marca dele na produção. Gostei muito das tomadas em plano sequência e da câmera que vai seguindo os personagens. A fotografia é muito bonita também e junto com a direção transformam o filme em um espetáculo visual de tirar o fôlego com cores fortes e vivas. Destaque para a execução de uma das últimas cenas, onde mostra uma outra versão dos fatos. Uma das melhores passagens que já vi. Eu realmente acho que La La Land mereça todos os prêmios para esses dois quesitos porque, talvez, tenha sido a produção mais diferente nesses aspectos, apesar de Animais Noturnos também ter se destacado, mas caído no esquecimento.
Na atuação, Emma Stone (Mia) foi incrível e praticamente colocou o público no bolso. Ainda mais por interpretar uma atriz, ela foi extremamente competente. Ela é cômica e cativante na medida certa, sem parecer forçada ou água com açúcar. Já Ryan Gosling (Sebastian), pra mim, faz um galã de cinema genérico e sem muita personalidade. Não achei a atuação dele digna de indicação para diversos prêmios. Achei ele bom para o papel, mas nada excepcional como querem vender. No entanto, a química dos dois em cena é ótima e fez o filme andar, apesar do roteiro não ser dos melhores, na minha opinião.
Tirando City of Stars, que é praticamente a música tema do filme e que aparece e reaparece em vários momentos, a trilha sonora acaba sendo esquecível, pelo menos para mim. Principalmente em um musical, as músicas tem um papel fundamental de marcar as cenas e perpetuarem na cabeça do público as melodias e notas. É quase obrigatório que, ao ouvir alguns segundos de uma música, você seja transportado para cena em que ela foi apresentada. Isso, infelizmente, para mim, não rolou aqui.
Enquanto La La Land vai acumulando mais e mais prêmios, ele deve seguir sendo uma incógnita para o público em geral, quase como uma piada interna entre os entendidos de cinema. Apesar de ser muito bonito e visualmente impecável, não conseguiu chamar minha atenção para querer revê-lo. É como se o encanto dele tivesse validade e ela se expirasse no momento em que os créditos aparecem. Para um filme que fala sobre Los Angeles mostrando uma atriz e um pianista em busca do sucesso, faltou carisma da produção e sobrou nostalgia para um público alvo que talvez não tenha as mesmas referências que a produção.
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