terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A Forma da Água

A Forma da Água (The Shape of Water, no original) é o recordista de indicações ao Oscar desse ano, com 13 categorias. Além disso, foi ovacionado em diversos festivais, sendo o principal filme no Festival do Rio de 2017. Nas outras premiações, rendeu prêmios importantes como o Globo de Ouro, o Critics Choice Award e o Directors Guild of America de Melhor Direção para Guillermo del Toro. Nessa crítica sem spoiler, vou mostrar um pouco da minha visão sobre o filme.
Eu preciso dizer que o grande mérito de Guillermo del Toro, que assina como diretor e roteirista o longa, é me fazer embarcar nessa história de amor entre uma mulher muda e uma criatura aquática. Eu não curto muito histórias de romances, mas o que é feito aqui é de uma profundidade e desenvolvimento tão incríveis que até uma relação surreal dessas fica crível e palpável. O roteiro e a direção concebidos e alinhados por Del Toro é de uma beleza e, ao mesmo tempo, simplicidade ímpar. Ele conseguiu fazer um musical clássico misturado com fantasia, mas que, ao mesmo tempo, consegue captar a realidade dos sentimentos de forma única.
O primeiro ponto que me chamou atenção foi toda a estética irretocável. Uma fotografia fria e esverdeada que dá a sensação de que tudo se passa embaixo d’água. O mais interessante é ver que o design de produção e o figurino acompanham milimetricamente todo o conjunto e se alteram com o avançar da história de uma forma que salta aos olhos. A trilha sonora é algo precioso e nos dá a sensação de ver um musical onde os personagens não cantam, quase como se a sensação do gênero estivesse presente, sem nem precisar estar ali de fato. Um trabalho de fazer o queixo cair.
Na atuação, Sally Hawkins, indicada a Melhor Atriz no Oscar, está ótima como Elisa, uma mulher que é muda e se apaixona pela criatura aquática. Ela conseguiu incorporar a língua de sinais com muita naturalidade e consegue passar emoção só com suas expressões, sem precisar falar nada. Octavia Spencer, que também está indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, também tem destaque com um timing cômico muito bom e está muito à vontade em cena. O esnobado da temporada, na minha visão, é o Michael Shannon que está muito bem e merecia mais reconhecimento pela sensibilidade em fazer um personagem que poderia descambar para o caricato, mas consegue se manter bem sólido.
Por último, mas não menos importante, é preciso dar destaque para a criatura peixe que foi trazida a vida por um ator vestindo um figurino. A escolha por não fazer ele todo de CGI foi muito bem acertada porque em nenhum momento se tem a sensação de que aquele animal não existe. Del Toro afirmou que se eles não pudessem fazer dessa forma, o filme não poderia ser feito e eu não posso concordar mais com ele. O longa se sustenta na nossa suspensão de descrença de que aquilo era real e, o quanto mais real fosse, mais a produção nos venderia uma história que poderíamos comprar.
Ainda faltando três filmes para encerrar os que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme do Oscar, posso dizer com segurança que A Forma da Água é o meu favorito da temporada. É algo encantador, poético e que passa uma emoção como poucos. E por mais que seja uma fantasia, ele consegue nos transmitir mais verdade e sinceridade do que muitos filmes baseados em fatos reais. É a celebração do quão surreal nossa imaginação pode ser com o quão mundano, mas ainda sim, puro e verdadeiro, nosso coração pode bater.
OBS: Curta a página do blog no Facebook clicando aqui para saber quando a próxima coluna sair e poder sugerir futuros temas pro blog.
E você, o que achou do filme? E da crítica?
Comente aqui embaixo! Sua opinião importa! :D