quarta-feira, 27 de abril de 2016

Trilogia Legend

Não é de hoje que as distopias ganharam o cenário literário mundial, mas talvez nós vivemos em uma época onde o foco seja o público infanto-juvenil. Com isso, surgiram várias séries famosas como Jogos Vorazes, Divergente, Maze Runner e Legend, dentre outros. Muito é falado sobre os três primeiros, talvez porque eles, além das páginas, estejam nas telonas também. Porém, no mundo dos livros, Legend tem destaque para aqueles que leram a série, sendo um sucesso que acaba passando despercebido pela falta de mídia. Como tenho uma tendência natural de gostar mais de distopias por causa do senso crítico que elas trazem sobre a sociedade, resolvi ler e de cara eu posso dizer que recomendo muito a leitura.
PS: Essa crítica NÃO contém spoiler
A trama conta a história de June e Day. Day é o criminoso mais procurado da República e isso se deve ao fato de que ninguém sabe como ele se parece. Os cartazes de Procura-se sempre mostram um jovem diferente. Ele nasceu na favela, tem quinze anos e é tido como lenda por toda a República pela agilidade que tem de escapar de qualquer emboscada. June, pelo contrário, nasceu em berço de ouro e é uma prodígio. Entrou na faculdade bem nova e foi a única a tirar a pontuação máxima no “vestibular” que a República oferece. Um crime acaba juntando os dois. De um lado, Day é o criminoso e do outro, June é quem terá a tarefa de encontrá-lo e prendê-lo.
Assim começa a trilogia e além de uma suposta briga de gato e rato, temos toda a base de uma história distópica com pobreza extrema, opressão, doenças que só tem cura para ricos. Algo que me chamou atenção, porém, foi que o livro tem dois narradores personagens. Sinceramente, eu não gosto muito de ler em primeira pessoa, acho que limita muito a visão da história. Porém, reconheço que, nessa trilogia, a primeira pessoa funciona muito bem porque mostra tanto a visão de Day, quanto a de June. Tudo fica bem mais interessante porque os dois, querendo ou não, são opostos um ao outro e ao olhar a história de cada um, podemos pesar os dois lados da moeda. A história deixa de ser unilateral e passa a ser bilateral, o que é um trunfo da escritora Marie Lu, chinesa radicada nos EUA.
Outro trunfo dela é o quanto ela descreve cada personagem, cenário e tudo mais que pode ser descrito em uma passagem. Por ter trabalhado com jogos, ela tem uma criatividade enorme e deixa isso claro durante toda a trilogia. O único porém da super descrição é que ela acaba mastigando demais e não deixa quase nada para o leitor imaginar por si só. Isso acaba sendo um pouco “encheção de linguiça” também, já que, analisando friamente, não há muita história em si. Grande parte é descrição. O que equilibra com esse fato são as poucas páginas dos livros que fazem a leitura ser dinâmica e muito envolvente. Dá vontade de ler de uma vez só.
Os personagens são bem desenvolvidos e fogem de esteriótipos. O meu preferido é, ironicamente (pra quem já leu os livros), Metias, irmão de June. A autora consegue trabalhá-lo de uma forma que eu nunca vi em lugar algum e nem achava que era possível. É genial. Um outro ponto interessante na trama é que, por mais que seja uma obra voltada para o público infanto-juvenil, ela não cai no lugar comum de histórias do gênero. É muito mais voltada para ação e aventura do que para romance em si.
O único defeito que consegui achar no enredo foi que algumas viradas, para quem leu atentamente, foram previsíveis. É claro que há grandes surpresas que quase me fizeram cair da cadeira, mas na grande maioria, dá para perceber pistas e não se impressionar tanto com plot twists. O desenvolvimento da trilogia é bem coeso e, apesar do primeiro livro ser o meu preferido, os outros dois são tão bons quanto. Não há uma diferença gritante de um para outro. É como se todos fossem um livro só, ao meu ver. A única escorregada, que parece que ocorre com a maioria dos autores, foi a conclusão da saga, que deixou muito a desejar. Porém, isso não conseguiu apagar o brilho da série.
Legend é aquela trilogia eletrizante e com enredo político que muitos procuram. Para ser sincero, depois de lê-lo fiquei muito balançado ao tentar escolher a melhor distopia que li, considerando que só li Jogos Vorazes além dela. Fica difícil decidir porque são histórias com o mesmo foco, mas realidades completamente diferentes. Legend vai mais direto ao ponto, enquanto Jogos Vorazes deixa tudo um pouco mais subentendido. Porém, em termos de qualidade da trama, as duas, ao meu ver, estão no mesmo nível. Só falta agora a história de Marie Lu ser tão reconhecida quanto a precursora desse estilo literário.

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