Flashpoint (Ponto de Ignição, no Brasil) é um dos arcos dos quadrinhos mais importantes da DC Comics e, talvez, o mais importante do personagem Flash. Em 2011, a história juntou vários personagens da editora em um crossover que serviu para remodelar o universo dos heróis, algo que está ocorrendo agora de novo com o Rebirth (Renascimento, no Brasil). A saga foi vista como corajosa por tratar a questão de uma nova realidade para personagens super que trocadilho ótimo #sqn conhecidos. Essa história está prestes a ser retratada na série The Flash, em que o gancho do final da temporada passada e o nome do primeiro episódio da temporada que estreia essa semana fazem menção ao evento. Nessa coluna especial, venho falar tanto dos quadrinhos quanto da animação, que foi uma adaptação da história.
OBS: Essa coluna NÃO contém spoilers.
Sinopse da história:
“Barry Allen acorda em seu escritório e descobre que as coisas estão diferentes: ele se vê sem seus poderes, descobre que sua mãe ainda está viva, e que o mundo está em guerra. Desnorteado, vai em busca da Liga da Justiça, mas fica surpreso ao descobrir que eles não existem. Ao se perceber numa realidade paralela ele consegue descobrir que Batman ainda existe e, então, parte em busca do amigo, tentando conseguir ajuda, mas para sua surpresa ele não é Bruce Wayne. Barry também descobre que o Professor Zoom, vulgo Flash Reverso, estava envolvido em tudo e inicia-se assim a cruzada de Barry para tentar retornar ao seu mundo ou, pelo menos, salvar este.”
Quadrinhos
Para quem não está familiarizado com o personagem, vou fazer uma introdução básica: Após perder a mãe ainda novo, Barry Allen acaba virando cientista forense no departamento de polícia forense de Central City. Lá, ele sofre um acidente com produtos químicos após um raio atingir o laboratório dele. Desde então, ele vira Flash, o homem mais rápido do mundo. Por mais que Flashpoint seja uma história que envolve diversos personagens da DC Comics, ela tem um foco maior no Flash e na história dele. Quando ele descobre que a mãe dele está viva e que ele não possui mais nenhum poder, Barry percebe que houve alguma alteração no passado e que precisa reverter tudo antes que a memória que ele tem da realidade normal se apague.
Quem vê a série, sabe qual foi a mudança e quem a causou (não darei spoiler aqui), mas o mais interessante é que as mudanças não ficaram só na vida do Flash, mas tornaram proporções globais. Existe um Batman, mas ele não é o Bruce Wayne. A Liga da Justiça não existe mais e, com isso, dois dos grandes heróis que fazem (ou faziam) parte dela, agora são rivais e travam uma guerra entre povos para decidir quem controlará o mundo. Tudo isso porque o universo da DC usa a teoria de viagem no tempo “efeito borboleta”, que pode ser chamada também de “linhas temporais”. Uma alteração no passado cria uma nova linha do tempo diferente da linha natural. É como se existisse uma estrada em linha reta, do nada criasse um desvio nela e todos os carros entrassem por ali, ao invés de seguir em frente. A problemática toda é que essas alterações não se limitam apenas à eventos pós o acontecimento que foi alterado no passado, mas causa perturbações no tempo como um todo.
Para quem curte o mundo das HQs ou não, Flashpoint é uma ótima leitura porque ela trabalha vários personagens conhecidos da cultura pop de uma forma nunca antes vista. Ela também trás essa questão de viagem no tempo e paradoxo temporal, que atualmente é algo bem presente no entretenimento em geral. Além, é claro, de um trabalho artístico impecável nos quadrinhos. Quem quiser ter,porém, vai ter que comprar a versão americana do compilado especial que fizeram sobre o arco. Infelizmente, não existe mais a versão brasileira e nem sei se terá um dia.
Animação
Além de ser uma animação bem fiel ao material original, eu gostei muito porque ela deu um background muito grande sobre o universo DC para que a história tivesse um impacto maior. O compilado, de que falei acima, começa basicamente do nada e se você não conhecer nem um pouquinho os personagens, pode ficar confuso. O longa começa um pouco antes dos eventos de Flashpoint em si para apresentar um pouco do Barry e do universo dele, assim como a Liga da Justiça. Quando de fato Barry acorda em uma nova realidade, nós já conhecemos o herói, suas habilidades, os vilões e um pouco da pessoa por trás do uniforme também.
A história em si é melhor abordada nessa adaptação do que no compilado de quadrinhos porque o primeiro consegue passear por todos os personagens, quase como um narrador observador, enquanto o segundo se limita mais ao ponto de vista do Flash. O compilado foca mais na história principal do evento e não abrange todo o conteúdo de todos os personagens. Para quem não sabe, cada herói tem sua própria HQ individual. Quando há uma série desse porte para mudar o universo inteiro, cada HQ individual ganha edições especiais daquele evento, onde podemos ver como tal personagem está lidando com ele e como os personagens próximos à ele também. Então, por exemplo, nas edições do Batman do Flashpoint, vemos a origem desse novo Batman, assim como uma nova origem do Coringa, o arqui-inimigo dele. A animação abrange mais essas histórias individuais criando uma imersão mais rica e conectada.
Tecnicamente falando, a animação é muito boa na animação. Sim, eu escrevi isso mesmo, rs, mas o que eu quero dizer é que a animação não é estática ou robótica, ela é bem orgânica nos movimentos dos personagens, no modo com que eles falam etc. A dublagem também é um ponto positivo porque a maioria dos dubladores, se não todos, são os mesmos que dublaram o desenho da Liga da Justiça, que passava no SBT anos atrás. A identificação e a nostalgia nos conectam melhor com o longa. Só que nem tudo são flores e algo que não me agradou foi o traço usado na animação. O Superman, por exemplo, tem um rosto completamente desfigurado, além de haver transições em que percebemos alguns descuidos artísticos.
Num contexto geral, eu diria que para quem não é tão fã de quadrinhos ou não tem curiosidade ou disposição de comprar o compilado para ler, a animação é mais satisfatória e cumpre o seu papel enquanto uma adaptação. Além disso, ela vem com um adicional de ter um background melhor do universo e do Flashpoint em si. Porém, o material original sempre terá aquele peso maior para quem quiser sentir como a história foi idealizada na sua primeira forma. De uma maneira ou de outra, vale muito a pena conhecer esse arco da DC Comics, ainda mais para quem assiste ao seriado The Flash, que pretende revolucionar o universo televisivo da DC, já que Supergirl, Arrow e, talvez, Legends of Tomorrow vão acabar sendo influenciadas por causa do Flashpoint.
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