Westworld estreou na HBO com uma missão (quase) impossível: ocupar todos os fãs de Game of Thrones enquanto a próxima temporada não chega. Se depender do Piloto, a produção conseguirá atingir e dobrar a meta. Ela está muito além de um simples passatempo e dialoga muito com a atualidade, apesar de ser inspirada em um filme de 1973. Com uma equipe técnica e elenco de peso, a série não só promete como cumpre ser, talvez, a maior estreia dessa Fall Season.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Sinopse:
“O mau-funcionamento de um robô provoca destruição e terror para um grupo de pessoas que passa férias no Westworld, um parque de diversões futurístico para adultos. O Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins) é o brilhante, taciturno e complicado diretor criativo, chefe de programação e presidente do parque, que tem várias idéias para melhorar o local - e métodos difusos de alcançá-los. Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood) é uma típica garota de fazenda que vive na fronteira do parque, e está prestes a descobrir que toda a sua existência não passa de uma muitíssimo bem elaborada e arquitetada mentira.”
Quando eu comecei a ver a série, e até antes de ver, me lembrei muito de Matrix (acho que muita gente fez essa comparação). Um mundo fantasioso que simula uma realidade tão próxima do real que quem está dentro dele não consegue identificar a simulação (alou Elon Musk e teoria de que vivemos em uma simulação, rs). Eu não tinha lido a sinopse ainda e achava que os “anfitriões”, como são chamados os robôs que estão dentro do mundo irreal, fossem pessoas reais. Seria bizarro se isso acontecesse, mas acho que a história daria um salto muito maior do que apenas inteligência artificial, que já está bem manjada nas produções.
Foi então que percebi que Westworld está muito mais para uma versão de Jogos Vorazes do que para o grande sucesso dos irmãos (agora irmãs) Wachowski. A trama gira em torno de pessoas ricas que vão para um grande mundo encenado para brincar de cowboys. Só que indo mais afundo nessa brincadeira, há um pensamento: por que escolher uma história de faroeste ao invés de poder escolher qualquer outra? É aí que está: porque no faroeste não havia muitas leis, era basicamente a lei de quem puxasse a pistola primeiro. Um mundo completamente primitivo, sangrento, onde qualquer um poderia matar qualquer um com um revólver ou estuprar uma donzela indefesa do campo.
É por causa dessa temática que a série me ganhou completamente. Não tenho dúvidas de que se fosse anunciado algo assim hoje, teria muita gente que pagaria muito dinheiro só para poder ter tal experiência. Há uma fala em que um dos diretores do projeto diz que eles deveriam retroceder um pouco e tornar os robôs mais robóticos e menos humanos, já que nenhuma esposa gostaria de pensar que o marido está matando uma pessoa de verdade ou transando com uma mulher de verdade. Ao mesmo tempo, o grande criador está tentando implementar melhorias para que os robôs fiquem cada vez mais humanos. No fundo, a história mostra os desejos íntimos dos seres humanos de, não só consumir violência, mas praticá-la também.
Falar de produção da HBO é chover no molhado. A série tem um cuidado que supera muito filme de ficção científica por aí. É de deixar o queixo caído e as mãos aplaudindo. É muito interessante e bonita a alternância da fotografia viva e colorida do mundo faroeste de simulação, em contraste com as cores frias e mortas do mundo real e tecnológico. O elenco de peso, que já citei lá em cima, tem Anthony Hopkins, cujo nome fala por si só, e mais rostos conhecidos como James Marsden, Jeffrey Wright (alou Jogos Vorazes, rs) e até o Rodrigo Brazil in Hollywood Santoro. Só que quem rouba a cena são as, para mim, desconhecidas Evan Rachel Wood (Dolores) e Sidse Babett Knudsen (Virgínia). A primeira consegue entregar a típica mocinha do velho oeste sem ser chata e a segunda conseguiu mostrar uma personagem de personalidade forte e que tem tudo para crescer durante a série.
Para além de uma história de inteligência artificial com emoções quase humanas, Westworld mostra que também é sobre humanos em sua forma mais primitiva e irracional, quase sem emoção. Ela tem a combinação perfeita de ficção científica, ação e ainda nos faz pensar sobre várias questões filosóficas. Nomes como Jonathan Nolan, J.J. Abrams, Anthony Hopkins e HBO chamam atenção. Porém, a série se garante mesmo pela premissa da trama. A parte técnica é aquela cereja do bolo que transforma a série de boa para espetacular. Faz ela deixar de ser uma promessa, para ser um compromisso.
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