quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

3%

Finalmente chegou à Netflix a primeira série brasileira a carregar o selo de conteúdo Original da empresa de streaming. Eu, como muitas pessoas, fiquei ansioso até por causa da própria temática da produção e da premissa que já se conhecia. Para quem não sabe, 3% teve seu episódio Piloto lançado no Youtube em 2011 (clique aqui para ver a Parte 1, a Parte 2 está na descrição) e acabou que a Netflix gostou da ideia e resolveu fazer a série toda. Eu também estava ansioso porque acredito muito no potencial das produções brasileiras e não gosto quando nós mesmos menosprezamos o nosso entretenimento e endeusamos o que vem de fora. Essa seria a chance do Brasil mostrar que tem potencial sim de fazer uma grande produção. Só que, infelizmente, o resultado não foi tão bom assim.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Sim, quero começar pelos aspectos negativos que me tiraram um pouco da boa experiência da série e o principal aspecto foi a atuação/direção dos atores. Sério, o Brasil tem muitos atores bons, principalmente atores bons que não tem o reconhecimento devido. Só que na série choveram atuações muito ruins. Eu realmente não sei de quem foi a culpa porque tiveram alguns atores que foram tão ruins que eu me senti incomodado. Eu fiquei pensando “não teve uma pessoa no set de filmagem pra dizer que aquilo não estava bom e que deveriam refazer?”. Muitas vezes, a série pode até não ter uma boa história, mas se os atores forem bons, eles conseguem levantar a produção e até conseguir levar uma trama meia boca. Uma atuação, no mínimo, “ok” era essencial.
Por exemplo, eu não me lembro de onde eu conheço o ator João Miguel (Ezequiel), mas eu tenho certeza que ele não é um ator ruim. O problema é que ele teve uma atuação péssima, na minha visão. Estava nítido que tudo o que ele estava falando era ensaiado. A mesma coisa eu notei na participação especial da Zezé Motta (Nair), que é uma boa atriz e que me pareceu completamente superficial e nenhum pouco natural. E foi aí que eu pensei que faltou a mão do diretor de falar que não estava bom e pedir pra regravar quantas vezes fossem preciso. No elenco mais jovem, os únicos que me convenceram foram a Bianca Comparato (Michele), que eu já conhecia o trabalho e gostava, Michel Gomes (Fernando) e Vaneza Oliveira (Joana), com destaque para a última atriz. Rodolfo Valente (Rafael) ficou com a pior atuação do elenco mais jovem, na minha opinião, mostrando que não evoluiu nada desde que o vi em alguma outra produção.
Outra tecla que eu quero bater aqui é sobre a produção em si. O que foi aquele figurino “mendigo chic”? Na boa, ainda estou tentando entender o que eles queriam passar com aquilo. Fico na dúvida se era pra ser aquela coisa super exagerada e tosca ou se eles fizeram levando aquilo à sério mesmo. Não sei qual das duas opções é a pior, só sei que ficou bem ridículo e risível. Os cenários também foram bem exagerados e com uns CGI que dava dó, pelo menos na parte pobre. Acho que quiseram fazer algo que que chamasse TANTA atenção por serem BEM pobre, que acabaram perdendo a mão. Por outro lado, já gostei da ideia das roupas da parte rica, por exemplo, o detalhe que destacava a marca dos 3%. Acho que a parte rica acaba libertando a criação das roupas, das salas, das tecnologias etc. Tanto que essa foi a parte que eu mais gostei, já que a imaginação é o limite para como seria uma sociedade rica do futuro. Diferente da parte pobre que há um limite.
O ponto mais positivo, para mim, foi o roteiro, que coincidentemente é a parte que mais me importa em qualquer produção. A série me viciou como poucas, diria que só The 100 e Jessica Jones me trouxeram a mesma sensação de necessidade de saber o que iria acontecer depois. Também gostei muito da forma como abordaram todo o processo. No Piloto, só vemos o lado dos candidatos, mas na série vemos o lado dos organizadores do processo e mais interessante ainda do que as provas, são o que dá para tirar de cada personagem à partir delas e o que dá para tirar dos organizadores à partir das elaborações das provas. Outro ponto que me chamou atenção, ainda mais como estudante de Engenharia da Computação, foi o uso da tecnologia. Achei tudo o que foi criado bem interessante e factível, mas ao mesmo tempo criativo em certos aspectos.
Querendo ou não, 3% foi uma grande surpresa. Apesar dos aspectos negativos, vejo que há caminhos para a série evoluir cada vez mais, já que tem o principal, pelo menos para mim: uma boa história. Só falta eles consertarem alguns furos de atuação e produção que a série irá evoluir ainda mais. Chega a ser engraçado porque lá fora 3% foi super bem recebida, sendo que já vi produções brasileiras melhores nesses aspectos técnicos. Talvez em mãos mais experientes, a série consiga encontrar o caminho. Só sei que estou na torcida e feliz por ver uma produção da Netflix no meu idioma natal. Além de ser uma história próxima com a realidade brasileira, de forma que uma distopia gringa nunca conseguiria alcançar.
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