segunda-feira, 25 de setembro de 2017

mãe!

Se há algo de errado com mãe! (mother!, no original) é ele ser classificado como terror. Eu não curto terror, mas quis muito ver o filme por causa de Darren Aronofsky, criador de Cisne Negro, que é um filme que gosto muito e que me marca até hoje pelo conjunto da obra. Já familiarizado com uma das obras, logo pensei que mãe! teria a mesma vibe psicológica do antecessor, o que é ótimo. Acabei sendo surpreendido por um incrível suspense e muitos elementos que fazem desse filme, algo único.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers. Caso queira comentar com spoilers, sinalize nos comentários.
É difícil definir entre roteiro e direção, qual é o ponto alto do filme. Porém, o que os dois tem em comum é o mesmo criador. Darren Aronofsky faz uma direção sufocante e que prende o público na personagem de Jennifer Lawrence. A combinação de câmera tremida com os quadros fechados no rosto ou nuca da atriz dá uma sensação de incerteza e impotência diante de todos os acontecimentos do filme, o que nos conecta com a submissividade da personagem.
Outro elemento super importante são os sons. Não há trilha sonora, mas sim o barulho das coisas em casa. Um copo caindo. A torneira sendo aberta. A madeira do chão rangendo. Tudo cria uma visualização multissensorial do todo. Apesar de não podermos enxergar ao redor, podemos ouvir, o que aumenta a tensão. Vale também destacar um bom trabalho de fotografia e direção artística. Tudo é muito limpo, muito simples e pé no chão, literalmente. Não há exageros ou excessos. Tudo é natural e incrivelmente belo, sem precisar de muito.
Um dos pontos altos do roteiro, para mim, é o quanto ele consegue se desenvolver de forma, ao mesmo tempo, rápida e gradual. Não que seja rápido, de fato, mas é tão bem construído que não dá para ver o tempo passar. O longa vai em uma crescente só, sem parar para olhar para trás e quanto mais ele avança, mais insano e surreal ele parece, mas ao mesmo tempo, ainda relacionável por causa da base inicial da história.
No meio de tudo, há várias metáforas e conceitos abertos à várias interpretações diferentes. Durante a sessão, eu entendi uma coisa, no final, comecei a pensar outra e após ler alguns comentários, fiz uma terceira avaliação. É um daqueles filmes para se ver mais uma vez, depois de entender o que aconteceu e, para o bem ou para o mal, é um dos que ficam te martelando a cabeça por dias.
Por melhores que estejam Javier Bardem, Ed Harris e Michelle Pfeiffer, esse filme é da Jennifer Lawrence. Cerca de 66 minutos do longa são de close up dela e ela conseguiu sustentar todos com sua expressão. É claramente o melhor e mais corajoso papel que ela já fez e não será surpresa se ela for indicada ao Oscar, merecidamente. Um tanto quanto julgada pela sua maneira de overreact (reagir além do necessário, em tradução literal), Lawrence acha o equilíbrio conseguindo transmitir a emoção sem precisar se esforçar.
mãe! de uma forma ou de outra não é um filme que poderá ser esquecido facilmente. Com uma proposta muito diferente da maioria dos longas que vemos por aí, ele causa várias sensações. Seja pela direção claustrofóbica ou seja pelo roteiro com inúmeras metáforas, é impossível sair do cinema da mesma forma que entrou. Muito mais do que um longa, mãe! é uma experiência cinematográfica tão expressiva e tão desconexa com o que se espera das produções atuais, que esse fato, por si só, já vale o ingresso.
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