Trama Fantasma (Phantom Thread, no original) é, provavelmente, o filme com menos buzz a concorrer ao Oscar de Melhor Filme esse ano, e imagino que tenha sido pela lançamento tardio. Mesmo assim, além da categoria principal, ele concorre a mais cinco indicações: Melhor Direção, Melhor Ator (Daniel Day-Lewis), Melhor Atriz Coadjuvante (Lesley Manville), Melhor Trilha Sonora e Melhor Figurino. Infelizmente, talvez a única categoria que pode se declarar como favorito ao prêmio é Figurino, mas dependendo pode acabar não levando. Nessa crítica sem spoilers, vou expor minha visão sobre o longa.
Esse é o primeiro filme que eu assisti do Paul Thomas Anderson (PTA, para os íntimos) e ficou claro para mim o estilo que ele imprime. Dá para ver que ele é um daqueles artistas meticulosos que alinham tão bem roteiro e direção que as duas coisas parecem uma só. Cada elemento da tela ou cada assunto de uma conversa não está ali apenas por estar, existe um real propósito para tudo. Quando não é para desenvolver uma história, é para entendermos mais um personagem.
O movimento da câmera é de uma fluidez que parece dançar enquanto flutua. Não tem como simplesmente assistir ao filme sem admirar a beleza do mesmo. Tudo soa tão poético e artístico, ao passo que, ao mesmo tempo, há um drama intenso sendo desenrolado. Para ajudar nisso, há uma belíssima trilha e efeitos sonoros que compõem uma profundidade emocional absurda. Há também o uso da comida como figura narrativa, o que faz a experiência cinematográfica sair do plano audiovisual e atingir outros sentidos.
É preciso dizer que o figurino é um espetáculo à parte. Não só os modelos que o personagem principal cria, mas os próprios que usa mostram muito da personalidade e do humor. Alia a identidade perfeccionista com o senso artístico - não chique! - que ele tem. Outro mérito da produção é a fotografia que, infelizmente, parece ter sido esnobada no Oscar por não ter ninguém creditado como diretor desse quesito. É uma pena porque cada frame dá para emoldurar e colocar na sala de tão rico e visualmente fantástico.
Na atuação, Daniel Day-Lewis está muito bem e mereceu a indicação. Ele conseguiu encarnar com facilidade um homem bem rígido e apaixonado por aquilo que faz. Porém, para mim, quem rouba a cena é a, esnobada da temporada, Vicky Krieps que está impecável como Alma. Ela consegue expressar muito bem a fragilidade e inocência que o papel pede. Lesley Manville dá a altivez necessária de uma mulher sábia e que entende o mundo ao redor.
Trama Fantasma pode não ir muito longe no Oscar, mas isso não tira todos os méritos dele. O longa tem um senso estético tão absurdo que cria uma experiência de tirar o fôlego. Diferentemente de outras produções, porém, a beleza vem costurada nas minúcias dos detalhes de cada elemento que PTA ocasionalmente entrega. Tal qual o nome, o longa pode ser capaz de assombrar seus pensamentos por causa da qualidade artística e narrativa. Fica a sensação de que uma pintura convidou o público à vivenciar aquele instante em que um pintor transformou em quadro.
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