Depois de um eps2.1_k3rnel-pan1c.ksd mais calmo, Mr. Robot volta com um eps2.2_init1.asec que não acelera o ritmo, mas começa a desenvolver mais a segunda temporada. O episódio não trouxe essencialmente um caminho, mas fortaleceu a mitologia da série e apontou uma direção. À partir do próximo, que é praticamente a metade da temporada, devemos voltar ao ritmo mais acelerado e o próprio final dessa semana nos deu uma evidência sobre isso.
Atenção: O texto a seguir tem SPOILER do s02e04 de Mr. Robot.
Se tem algo que Mr. Robot consegue fazer é me enganar completamente sobre a cronologia dos fatos. No episódio passado, eu já tinha comentado sobre a série apresentar flashbacks que não tem cara de flashback e nessa semana eu caí no mesmo truque. Estava louco por Elliot estar de volta no apartamento dele, da Darlene estar lá com ele e tudo mais. Até que TCHARÃÃÃÃN aquilo aconteceu antes dele entrar na Allsafe. O mais bizarro disso tudo é que a proposta da série é justamente quebrar com os padrões e até nisso ela se destaca. Não há um aviso prévio, não há um informativo do tipo “alguns anos atrás”, não há uma fotografia diferente, nada. A história é contada da mesma forma como se tudo ali estivesse na mesma linha cronológica.
Muitas coisas importantes nesse começo para tudo o que vimos até agora. Primeiro de tudo: a máscara que inspirou a FSociety é de um filme (que existe e tem até 8 minutos online, além de existir o mesmo arquivo baixado por torrent no episódio) chamado The Careful Massacre of the Burgeoisie. O que dá para notar de interessante é que no próprio episódio aparece uma cena onde um cara está com a máscara e a irmã pede para ele tirar, afinal não é uma máscara super legal. Ele então diz que a máscara é do pai deles. Mais pra frente, quando Elliot coloca o casaco que o pai usava e depois a máscara, acontece o mesmo. Darlene fica com medo quando Elliot começa a falar sobre um plano para acabar com a Evil Corp.
Essa parte foi ótima para esclarecer duas informações: Elliot tem os apagões e é dominado pelo Mr. Robot, pelo menos, antes de pensar em derrubar a Evil Corp. A segunda informação importante é que vimos como Elliot, ou melhor, Mr. Robot durante um pagão concebeu o plano todo da primeira temporada junto com Darlene. O que mais me intriga é o fato dela saber dos problemas dele e não reconhecer quando ele está no controle e quando o Mr. Robot toma conta. Porém, eu percebi o cuidado que essa cena teve. Foi a primeira cena que vimos Mr. Robot através da figura de Elliot e não como a figura do pai dele (sim, teve a cena do começo da segunda temporada, que ele está com o Tyrell, mas ele não fala e nem se expressa muito). Por isso, a máscara, para não sabermos como é a expressão de Elliot quando o alter ego assume o controle.
Outra coisa nessa cena me chamou bastante atenção: Darlene diz que apenas eles e mais três pessoas estavam de posse daquele filme. Será que o FBI não pode descobrir a origem da máscara e procurar por pessoas que baixaram através de torrent o filme, já que ele é pouco popular? Será que Darlene teve cuidado de baixar o filme escondendo o IP? Também descobrimos que Darlene já teve síndrome do pânico e isso me leva a pensar que os dois irmãos possivelmente tiveram um trauma grande no passado. Será que a morte do pai e a rigidez da mãe pode ter causado isso?
Elliot está jogando xadrez com Ray, que pede para ele se confessar. Elliot considera a hipótese, mas Mr. Robot logo aparece e impede que ele faça algo. É muito interessante olhar para a primeira temporada e analisar a história com um outro olhar. Nós achávamos que Elliot estava fazendo tudo por si só e pela raiva que tinha da Evil Corp. Porém, agora dá para notar que ele não teria coragem para fazer o que fez. Se ele não tivesse sido tão suscetível ao Mr. Robot, o plano não iria para frente.
Uma das analogias da série que eu mais gosto é a do segundo episódio da primeira temporada, onde cada pessoa é um ou zero. Se pararmos para pensar, no episódio da semana, descobrimos o motivo por Elliot ser tão especial: ele é zero e tem o Mr. Robot dentro dele, que é um. Isso serve até como analogia de ligado/desligado, ou seja, Elliot fora do ar/Elliot no ar. Por isso, Krista diz que ele não pode destruir uma parte dele com um jogo. Ele vai perder a identidade, ele vai perder uma característica que o torna único.
Dominique leva o FBI para a sede da FSociety e acha uma bala lá. Lembrando que Elliot, enquanto Mr. Robot, pegou uma arma que estava escondida na pipoca dentro do QG da FSociety na noite em que ele derrubou a Evil Corp. O ex de Darlene fica sabendo disso e avisa para ela, que aproveita para perguntar se a Dark Army está por trás das mortes. Ele diz que não, já que não teria razão para eles fazerem isso. Mais uma vez tudo aponta para o Mr. Robot como mandante dos crimes.
A cena da partida de xadrez: QUE CENA! Um detalhe que não deixei passar foi a câmera mostrando constantemente que Elliot estava em um ambiente totalmente verde. Seria isso uma forma de mostrar que Elliot realmente vê que Mr. Robot é a parte hacker dele e por isso ele escolheu um lugar neutro onde o alter ego não pudesse tomar controle? Acho que isso faria bastante sentido, considerando que, na minha concepção, Mr. Robot foi feito para Elliot evitar a perda e a solidão e como eu disse no texto sobre a série, com o poder hacker de Elliot, ele consegue justamente curar isso. Será que esse “dom” veio pela influência do pai que ensinou à ele programação, era Engenheiro da Computação e que representa esse outro lado dele? Sim, eu sei, muitas perguntas, mas é que quero abrir as minhas indagações para você que está lendo.
O empate para mim foi surpreendente. Nem por um momento eu pensei que isso aconteceria. Achei que foi uma saída bem inteligente para mostrar o quão intrinsecamente ligados os dois estão. Se basta prever os próximos movimentos do oponente para vencer, como alguém irá vencer se eles são a mesma pessoa e, portanto, sabem qual será a próxima jogada deles e do outro? Para mim, chegará uma hora em que o Elliot conseguirá viver em paz com o Mr. Robot porque vai finalmente compreender que ele nada mais é que um pedaço dele mesmo que Elliot não se dá conta.
Por fim, Elliot decide atender um pedido de Darlene, que precisa falar com ele em um local seguro, e oferece ajuda para Ray. Como Ray queria alguém que consertasse o site dele, aceitou sem pensar, mas deixou o capanga de olho, caso Elliot tentasse alguma coisa fora do roteiro. Então, Elliot descobre tudo o que aconteceu e decide hackear o FBI. Durma com um barulho desse. Sinceramente, não faço ideia do que o Elliot está pensando em fazer. Talvez ele só irá ler o que eles descobriram para ver como está o grau de periculosidade deles. Porém, fazer isso, ainda mais do computador do Ray é bem arriscado. Se o FBI chegar até Ray, ele está morto. O que me anima é que essa é a aquela evidência que me referi no primeiro parágrafo: Elliot voltou à ativa. Para ele retornar ao que era antes, é um pulo, ou um “space”, se preferir.
Alguns comentários breves e não tão importantes:
- Como já disse antes, cada episódio parece querer promover alguma discussão sobre o avanço exacerbado da tecnologia. Primeiro foi a casa inteligente, depois a inteligência artificial e, nesse, teve realidade virtual.
- Gostei da personagem Whiterose ter aparecido, por causa do enigma que está ao redor dessa figura.
- Joanna Wellick se deu bem mal. Foi muito bom ver Scott debochar da cara dela.
- Outra parte ótima de se ver foi Angela caindo do cavalo. Ela super achava que estava por cima e que teria o que quisesse do CEO da Evil Corp. Foi muito bem feito para ela.
- Que trilha sonora maravilhosa!
- Elogiar Rami Malek está virando rotina, mas não tem como. Se eu não parabenizá-lo, não poderia deitar na minha cama e dormir tranquilamente.
OBS: Hello, friend. Eu farei review de todos os episódios da segunda temporada de Mr. Robot, então se você quiser acompanhar a série comigo, curta a página do blog no facebook clicando aqui para ficar sabendo quando a review sair.
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