segunda-feira, 25 de julho de 2016

Stranger Things

Não é novidade para ninguém que a Netflix é capaz de feitos inimagináveis. É só ver os últimos lançamentos originais do serviço de streaming que tudo o que a empresa se presta a fazer deixa de ser mera promessa e se torna garantia de ótimo produto. Stranger Things não foge à regra e nos entrega um suspense maravilhoso dos anos 70/80/90 que é viciante e nostálgico. É algo com tanto apelo que fica difícil de largar e resistir ao impulso de “maratonar” de uma só vez os oito episódios da primeira temporada. Não é à toa que a série já caiu no gosto popular e se tornou um dos grandes lançamentos de 2016, de forma despretensiosa.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Sinopse: “Ambientada em Montauk, Long Island, conta a história de um garoto que desaparece misteriosamente. Enquanto a polícia, a família e os amigos procuram respostas, eles acabam mergulhando em um extraordinário mistério, envolvendo um experimento secreto do governo, forças sobrenaturais e uma garotinha muito, muito estranha.”
A produção dessa série é inacreditável. Esse é o primeiro destaque que eu quero fazer porque é muito importante. Por um momento, eu achei realmente que o mundo tinha voltado no tempo. Stranger Things seria aquele estalo que nos acorda da ilusão de estar em 2016, mesmo com tantos reboots, remakes e tanta coisa do passado voltando. Achei que tiveram um cuidado e um carinho tão grande com a época, que a série, pra mim, deixou de ser apenas mais uma série, e se tornou uma homenagem brilhante. Por conta disso, não vejo as inúmeras referências e, porque não dizer, cópias de filmes de grandes clássicos de forma negativa. Acho, aliás, que esse é um dos trunfos da série. Até porque eu vi como algo intencional. É algo tão claro, exposto e quase atirado na sua cara, que não acho que passou na cabeça deles copiar e achar que ninguém iria perceber.
Isso, no entanto, não torna a história previsível, mas sim a forma como ela é contada e que proporciona aquela nostalgia que mencionei no primeiro parágrafo. Há toda uma inocência da época que nos faz ter saudades. Dá para ver claramente uma história contada pela história e nunca apelando para uma ação violenta e chocante ou nudez sem propósito. Um bom e velho suspense delicioso que se mantém pela própria narrativa e desenvolvimento de personagens. É, isso faz um pouco de falta hoje em dia e talvez seja mais um motivo para essa série render. Ela te prende sem precisar de grandes plot twists, firulas ou cenas chocantes. Ela te prende porque a série sabe como fragmentar bem a história de forma que a gente não consiga encaixar o quebra-cabeça até o final, ao invés de ir gastando cartas na manga em cada episódio e depois ir inventando mais problemas e soluções no resto da temporada. Em suma, a série é muito bem planejada.
Winona Ryder e David Harbour estão ótimos nos papéis, ao meu ver. Enquanto ela é super exagerada e demonstra emoção à flor da pele, ele faz um cara super contido e na dele. Os dois tipos são difíceis porque o papel dela poderia fazer a atuação soar apelativa e over demais, enquanto o dele poderia demonstrar muita linearidade e falta de expressão. Porém, isso não ocorre e os dois estão perfeitamente bem encaixados. O destaque, no entanto, acaba ficando com as crianças que roubam a cena da série toda. Poderia comentar sobre todos, mas o destaque mesmo foi, sem dúvida, Millie Brown, até pela complexidade da personagem. Ela passou a temporada praticamente toda calada e, mesmo assim, demonstrou muita emoção. Só com o olhar, dava para sentir o que ela sentia, ou até mesmo adivinhar o pensamento.
Stranger Things me lembra um pouco o caso de Fuller House, lançada no início do ano na Netflix. Só que ao invés de ser uma série dos moldes dos anos 80/90 transportada para os dias atuais, eu diria que Stranger Things acaba sendo uma história de moldes antigos, com premissas antigas, mas com algumas adaptações para os dias de hoje. É só parar para pensar que há muitos papéis femininos fortes na série e, mesmo eu não sendo um grande conhecedor de clássicos da época, sei que provavelmente não houve uma produção do gênero com uma presença feminina tão forte naquela época. Há, também, várias formas de desconstrução social que acharia muito visionário se realmente acontecesse lá atrás. Talvez essa seja a beleza da série: uma ficção científica que consegue quebrar a barreira do tempo para unir o melhor dos dois períodos.
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