terça-feira, 23 de agosto de 2016

Justiça - Primeiras Impressões

Justiça é a nova minissérie da Globo. Calma. Muitas pessoas associam a Globo como a emissora das novelas ruins e clichês, mas não é bem assim. Malhação não acerta o tom desde que o Gigabyte acabou? Sim. As novelas das dez nove não emplacam desde Avenida Brasil (2012)? Também. Porém, o que podemos analisar de algumas produções da emissora nos últimos anos é que ela está tentando diversificar e chegar no público alvo da maioria das produções americanas. Posso citar exemplos como Dupla Identidade, Felizes para sempre?, O Rebu, Verdades Secretas e Liberdade, Liberdade. Todas essas produções contaram com uma liberdade maior para conter temas mais adultos como violência, sexo, drogas e rock ‘n roll. Justiça só veio para somar nessa linha mais contemporânea e global de se fazer televisão.
OBS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Uma das coisas mais interessantes dessa minissérie é o formato. São quatro histórias cujos personagens de cada uma se relacionam de alguma forma entre si, por se passarem no mesmo lugar. Todos os quatro núcleos giram em torno de uma pessoa diferente, que foi presa há sete anos atrás e agora está saindo da cadeia. Ela está sendo exibida segunda, terça, quinta e sexta, e cada dia da semana é focada em um núcleo da história. No episódio de ontem, por exemplo, temos relances dos personagens de terça, quinta e sexta. Eles aparecem rapidamente e não tem nenhum impacto na história de segunda, pelo menos até agora. Achei essa fórmula muito bem bolada porque é como se fossem quatro minisséries semanais distintas que fazem crossover entre si. Quase o universo DC da CW. Dessa forma, ela mantém o público ligado quase diariamente na minissérie, sem deixar o padrão “episódio semanal” de lado.
A produção é um show à parte. A fotografia é realista e morta, dando o ar mais adulto que citei no primeiro parágrafo. A coragem da produção também é louvável, não só por ousar em ângulos não ortodoxos, mas por mostrar de forma bem impactante a violência. Outro ponto que me chamou atenção foi a história se passar em Recife, o que é um grande respiro da televisão brasileira em relação ao eixo Rio - São Paulo. A trilha sonora mistura músicas nacionais e internacionais que compõem o visual, quase como se fossem um só.
Falar do elenco seria um pecado com diversos atores que não pude ver no primeiro episódio. Porém, você poderá ver nomes como Debora Bloch, Jesuíta Barbosa, Camila Márdila, Cássio Gabus Mendes, Adriana Esteves, Ângelo Antônio, Enrique Dias, Leandra Leal, Luisa Arraes, Cauã Reymond, Vladimir Brichta, Marjorie Estiano, Antonio Calloni, Drica Moraes, entre outros. É muita gente boa reunida em um projeto só! Acho que só o fato deles estarem envolvidos já me faria acompanhar. Com uma produção no ponto e um elenco desse nível, a minissérie só não será boa se escorregarem no roteiro, o que infelizmente não é impossível se tratando da Globo, mas a gente sempre reza para ela acertar.
Apesar do nome, Justiça não é uma trama sobre advocacia. Não é o ponto de vista da lei que importa, mas a dos homens. Esse é um assunto bastante recorrente hoje em dia, já que no Brasil não há a pena de morte e muitas pessoas gostariam que houvesse. O que podemos esperar da trama é algo voltado mais para o personagem e o que o leva a chegar naquela situação, ao invés da situação em si. Isso me deixa bem animado para o futuro da minissérie porque tendo a gostar de algo mais intimista e voltado para questões mais humanas do que vários plot twists que não impactam no perfil do personagem. Por ser uma história mais adulta e que se permite mais, espero que não tenham medo de ousar e fazer um final que as pessoas necessitam, e não um que elas queiram. Se não, essa será apenas mais uma tentativa da Globo de chegar lá, algo que ainda não aconteceu.
OBS1: Se você não assistiu ao episódio de ontem, pode assisti-lo no Globo Play, clicando aqui. A minissérie é transmitida toda segunda, terça, quinta e sexta depois de Velho Chico.
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