Corra! (Get Out, no original) foi uma das maiores surpresas da temporada de premiações. Ele conseguiu sobreviver ao longo do tempo e ser relevante até hoje, mais de um ano do lançamento oficial nos EUA. Também mostrou força na bilheteria sendo o filme de maior arrecadação em relação ao valor de produção entre os indicados à Melhor Filme do Oscar. Além disso, concorre também nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator (Daniel Kaluuya). Nessa crítica sem spoilers, vou expor o que achei sobre o filme.
Por mais aclamado que seja, esse filme talvez seja o mais subestimado da premiação, não só pela crítica, mas pelo público também. Jordan Pelle, que assina direção e roteiro faz um daqueles longas que quanto mais você assiste, mais elementos interessantes consegue encontrar. Eu assisti pela segunda vez, recentemente, e foi muito melhor do que a primeira porque dá para perceber uma infinidade de dicas no roteiro que de primeira ninguém se importa. Mesmo assim, já li em artigos outras referências que não tinha me ligado e que deixa tudo mais completo e conectado.
O melhor, no entanto, está bastante exposto e visível para quem quer enxergar: Jordan faz uma crítica ao racismo de uma forma muito inteligente e sofisticada. Em nenhum momento ele precisa colocar alguém para falar sobre, tudo é muito claro e acho que isso é um grande mérito da direção. Há um desconforto palpável em cena entre o protagonista negro que vai conhecer a família branca da namorada. Já vimos isso em comédia e, provavelmente, já vimos em drama, mas aqui, apesar da Universal o ter classificado como comédia no Globo de Ouro, nós o vemos em um suspense de primeira. Há também uma tensão enorme que permeia o clima do longa, capaz de manter você vidrado e interessado no que vai acontecer em seguida.
Na atuação, Daniel Kaluuya merece não só a indicação, como o prêmio. Além de estar muito à vontade em cena, ele tem muito carisma para aproximar o público dele e criar empatia. Quem também está muito bem é Allisson Williams e Betty Gabriel, que interpretam, respectivamente, a namorada e a empregada. É muito interessante como elas desenvolvem as personagens durante o longa e como elas convencem nos papéis. Poderia falar de outros atores, mas todos estão bem e ninguém destoa.
Corra! já fez história ao conseguir chegar tão longe na corrida do Oscar (o trocadilho não foi intencional). Basta saber se ele conseguirá ir mais longe ainda, já que, se ganhar Melhor Roteiro Original, ele terá grandes chances de vencer o tão sonhado Melhor Filme. De qualquer forma, Jordan Peele já marcou 2017 com um dos melhores roteiros e direções do ano em um longa que está longe de ser “padrão Oscar”. Um suspense insano que tem como base o terror que é o preconceito.
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